A era de São Paulo acabou?
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A era de São Paulo acabou?Por que o Nordeste tem tudo que a indústria verde precisa (e SP não)São Paulo construiu seu império industrial no pior lugar possível. Atrás da Serra do Mar. Subindo e descendo uma barreira geográfica que devora bilhões em logística todo ano. Com rios que correm para o interior, desaguando em Buenos Aires em vez do Atlântico. O Porto de Santos pode ser gigante, mas depende de eixos de descida caros e complexos. Do ponto de vista geográfico, São Paulo industrializou-se lutando contra a natureza. Essa escolha histórica fez sentido no século 19: café, mão de obra imigrante, capital acumulado. Mas a economia mudou. A indústria verde não precisa das mesmas coisas que a indústria do século 20 precisava. E o Nordeste tem exatamente o que a nova economia exige. Enquanto São Paulo envelhece presa às suas limitações geográficas, o Nordeste desperta com vantagens que nem os Estados Unidos conseguiram reunir. Vantagens que ficaram dormindo por décadas, esperando o momento certo. Esse momento chegou. Vou te mostrar por que a era de São Paulo como centro industrial do Brasil está terminando e por que o Nordeste vai liderar a próxima onda. O Nordeste está 3 horas mais perto dos mercados que importamRecife e Fortaleza ficam a 5 horas de voo dos Estados Unidos e da Europa. De São Paulo? 8 a 10 horas. Essa diferença define competitividade em cadeias globais de suprimento. Menor custo de frete aéreo. Entregas mais rápidas. Acesso privilegiado aos mercados premium do Atlântico Norte. Enquanto São Paulo luta contra distâncias continentais, o Nordeste pode funcionar como hub de conexão direta com os dois maiores mercados do planeta. Na economia da velocidade, 3 horas de diferença são estratégicas. São Paulo está longe. O Nordeste está perto. A região tem o maior potencial eólico e solar do país
Ventos constantes durante o ano inteiro. Radiação solar abundante em níveis que poucas regiões do mundo conseguem oferecer. Isso representa poder de fogo na transição energética global. Países e empresas estão desesperados por energia limpa e barata para descarbonizar suas cadeias produtivas. O Nordeste já lidera a geração eólica no Brasil e está se tornando referência em solar. Enquanto São Paulo depende de energia cara vinda de longe, o Nordeste produz eletricidade renovável localmente, em abundância e a custos decrescentes. Matriz energética limpa atrai indústrias verdes. Hidrogênio verde, aço verde, alumínio de baixo carbono precisam de eletricidade barata e limpa. Todos estão indo para o Nordeste. Porto de Pecém já é o maior hub de hidrogênio verde do Brasil
Pecém, no Ceará, é o epicentro da produção de hidrogênio verde no país. Empresas globais estão despejando bilhões ali. Por quê? Energia renovável abundante. Proximidade com mercados internacionais. Infraestrutura moderna. Geografia favorável. Hidrogênio verde vai descarbonizar siderurgia, transporte marítimo e aviação. É a commodity energética do século 21. E o Nordeste, com Pecém na ponta de lança, está se posicionando como fornecedor estratégico para Europa e Estados Unidos. Esse é o tipo de vantagem competitiva que São Paulo não consegue comprar, copiar ou replicar. Pecém nasceu no lugar certo. Santos nasceu atrás de uma montanha. Planícies que chegam direto no mar: logística industrial sem dramaEnquanto São Paulo precisa transpor a Serra do Mar para conectar fábrica e porto, o Nordeste tem geografia de presente. Planícies que descem direto ao oceano. Rios que deságuam no Atlântico. Ausência de barreiras geográficas gigantescas. A conexão entre produção e exportação é naturalmente simples e barata. Essa configuração é semelhante à da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, região que se industrializou rapidamente no século 19 justamente por essas vantagens geográficas. No Nordeste, construir infraestrutura logística competitiva é fácil. Em São Paulo, é caro e complexo por natureza. A ausência da Serra do Mar é o maior trunfo econômico do NordesteSão Paulo foi construído atrás de uma muralha natural. Decisão histórica que fez sentido no passado, mas que cobra seu preço até hoje. A Serra do Mar exige custos permanentes de transposição. Limita rotas de escoamento. Aumenta o custo-Brasil. O Nordeste não tem esse problema. A geografia favorece a industrialização. Celso Furtado, um dos maiores economistas brasileiros, já dizia nos anos 60 que o atraso do Nordeste estava na falta de indústria, não na seca, não na educação, não na cultura. Ele estava certo. Faltava apenas o momento histórico certo. Contudo, poucos analistas contemporâneos conseguem articular precisamente por que décadas de políticas regionais falharam em reverter essa desindustrialização relativa, enquanto outras regiões historicamente periféricas — como o Sul da China, o Sudeste Asiático ou até mesmo o Sul dos Estados Unidos — transformaram desvantagens iniciais em plataformas de exportação global. Esse enigma sobre os mecanismos estruturais que permitem ou bloqueiam saltos industriais regionais permanece controverso mesmo entre especialistas em desenvolvimento territorial e economia espacial. Esse momento chegou. Abraços, Paulo Gala | A A |
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