GEOPOLITICA

 



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A precariedade militar da América do Sul

Em quase toda a região, Forças Armadas têm histórico de intervir indevidamente na vida política. Esta tendência contrasta com sua incapacidade para defender os respectivos países. Balanço de uma deficiência gravíssima, em tempos de Trump

Se considerarmos os orçamentos e o pessoal ativo no total da população, a América do Sul apresenta níveis apenas moderados de militarização. Isso contrasta de forma expressiva com a concentração de recursos naturais nesse continente, incluindo recursos hídricos, e que por força das circunstâncias exigem capacidades de controle territorial e dissuasão pelos Estados nacionais da região.


Países do Oriente Médio, como Israel e Arábia Saudita, em um contexto geoeconômico igualmente complexo, frequentemente mantêm mais de 10 militares por 1.000 habitantes, enquanto na América do Sul essa proporção geralmente varia entre 2 e 5 militares por 1.000 habitantes, dependendo do país. O Brasil, o maior país do continente, possui cerca de 1,7 milhão de militares e reservistas em uma população de 216 milhões, representando uma proporção relativamente baixa. Na América do Sul, os gastos militares representam geralmente entre 1% e 2% do PIB, abaixo de regiões como América do Norte e Europa, onde podem ultrapassar 3% do PIB, como nos EUA e na Polônia.

Tudo isso indica um alto grau de exposição geopolítica dos Estados-nação sul-americanos, em um contexto cada vez mais incerto acerca das garantias de resolução pacífica de conflitos na terceira década do século XXI. Embora as ameaças de incorporação do Canadá e da Groenlândia feitas pelo atual chefe de Estado norte-americano sejam apenas bravatas, elas certamente são algo mais do que se tivessem sido proferidas por um polemista qualquer.

Mas mesmo a força dos números já não basta na guerra moderna. Vivemos em um contexto militar no qual as forças são cada vez mais especializadas, mais profissionalizadas, e tecnologicamente intensivas. Os choques convencionais entre forças militares seguem no portfólio de opções das grandes potências – vide a guerra russo-ucraniana -, a despeito da crescente importância da guerra cibernética e das operações de guerra híbrida no front interno. O controle territorial e a dissuasão requerem ativos militares modernos; e pesando ainda mais sobre as desvantagens numéricas sul-americanas, está a sua quase absoluta dependência tecnológica em relação a potências estrangeiras. Esse é um prospecto que dificilmente pode ser revertido no curto prazo, embora os exemplos da Ìndia e da China soem como promissores. Há, contudo, um abismo entre as condições políticas e econômicas que permitiram a Délhi e a Pequim garantir suficiente autonomia tecnológica militar nacional, e aquelas vigentes na América do Sul.

Nem mesmo no que diz respeito ao básico (armas leves, blindados, artilharia), os países mais militarizados da região contam com autonomia. A relativa exceção é o Brasil, com uma indústria de defesa suficientemente consolidada para a produção de seus próprios veículos blindados, como o formidável Guarani VBTP-MR (mas mesmo nesse caso, em parceria com a italiana Iveco), em serviço desde 2014, e também exportado para o Líbano, Gana e Filipinas. O Brasil produz o sistema de mísseis Astros II (Avibras), operado não só pelo exército brasileiro mas pelas forças armadas do Iraque, Bahrein, Catar, Arábia Saudita, Indonésia e Malásia.

A comparação com as demais nações mais militarizadas da América do Sul é impactante. A Argentina encontra-se estagnada, mantendo em operação o obsoleto TAM (Tanque Argentino Mediano) em serviço desde 1983, e não conta com capacidade de produção nacional de armas de artilharia A Venezuela, também desprovida de uma indústria de defesa sólida, depende de importações da Rússia e da China, como no caso do tanque T-72 e do sofisticado sistema de mísseis S-300. A Colômbia e o Peru são igualmente dependentes de importações e da assistência técnica provida por potências estrangeiras.

No que tange ao poder naval, somente o Brasil conta com capacidade, ainda que limitada, de construção de vasos de guerra. A marinha brasileira encontra-se em processo de substituição das fragatas classe Niterói (operadas desde 1975) pela sofisticada fragata classe Tamandaré, com projeto e produção nacionais, em parceria com a Thyssenkrupp Marine Systems. Na América do Sul, é o único país capaz de construir submarinos convencionais, e através do ProSub (em parceria com a França) pretende comissionar um submarino nuclear até 2034. A Argentina conta com estaleiros militares capazes de produzir as corvetas da classe Espora (com apoio alemão, e já obsoletas) e pequenos navios de patrulha costeira. Nos anos 1980 a Argentina era a única nação sul-americana com capacidade de construção de submarinos (classe TR-1700), mas atualmente a infraestrutura de engenharia e logística necessária encontra-se fora de operação, e tecnologicamente defasada. Venezuela, Colômbia e Peru não contam com construção naval militar significativa, e operam submarinos da classe Kilo (importados da Rússia) e Tipo 209 (modelos de exportação, produzidos na Alemanha).

No que tange o poder aéreo, a situação é ainda mais complicada. Mais uma vez, só o Brasil dispõe de engenharia e indústrias para a produção de aeronaves militares, e mesmo nesse caso, fortemente dependente de tecnologia estrangeira. O icônico A-29 Super Tucano, produzido pela Embraer, e operado por 21 forças aéreas no mundo, é um formidável aparelho para emprego em patrulhamento e contrainsurgência, mas incapaz de garantir poder de interceptação e superioridade aérea. Para tal, o Brasil opera o F-39 Gripen, caça multiuso de 4ª geração, de origem sueca, montado parcialmente no Brasil (a partir de acordo de transferência parcial de tecnologia). Do total, apenas oito de trinta e seis unidades foram entregues, devido a dificuldades orçamentárias. As defesas aéreas do Brasil dependem hoje em grande parte da frota composta por antigas aeronaves F-5 Tiger II, que apesar de modernizadas pela Embraer, são insuficientes para a tarefa.


A Argentina outrora integrou o hall de países construtores de aeronaves militares, especialmente com seu IA-58 Pucará, avião de ataque leve e contrainsurgência, mas hoje opera uma força aérea absolutamente insuficiente e dependente dos Estados Unidos: em 2024 o Departamento de Estado norte-americano aprovou a transferência de 24 caças F-16 da Força Aérea da Dinamarca para a Força Aérea Argentina (ainda não entregues), de modo a conter a oferta de um lote de JF-17 Thunder produzidos pela China. Neste quesito, a Argentina junta-se ao Chile, o maior operador de caças F-16 na América do Sul (esse último com 48 unidades). Já a Venezuela não tem qualquer capacidade de projetar e produzir aeronaves, e depende do emprego dos avançados Sukhoi Su-30MK2 russos e de obsoletos Chengdu F-7 chineses. A Força Aérea Venezuelana também opera com o F-16 da Boeing, mas devido ao status das relações com Washington, a manutenção dessas

máquinas segue prejudicada. Tal como a Venezuela, o Peru não produz aeronaves, e opera um número pequeno de aeronaves MiG-29, de fabricação russa, bem como cerca de uma dezena de caças Mirage 2000 franceses, projetados ao final dos anos 1970.

A situação da Colômbia é ainda mais crítica, pois a espinha dorsal de suas defesas aéreas conta com apenas seis caças Kfir, de fabricação israelense, ainda operacionais. É desnecessário dizer que os atritos recentes entre os governos Petro e Netanyahu, em função do genocídio perpetrado por Telaviv em Gaza, cortou totalmente o suporte técnico da IAI (Israel Aircraft Industries) à Força Aérea Colombiana. A expectativa é de que a Colômbia perca todo seu poder de interceptação aérea em um ou dois anos.

Em todos esses casos, há uma constante: o tremendo risco geopolítico envolvido na dependência de serviços de engenharia, assistência técnica e de tecnologia mantidos por potências estrangeiras. Cumpre dizer que o acordo de transferência de tecnologia entre a SAAB e a Embraer enfrentou recentemente um pedido de investigação pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, por supostas irregularidades no processo de concorrência em que a Boeing foi derrotada pela empresa sueca. A ele se somam preocupações em Washington de que, por conter componentes de origem norte-americana, o F-39 Gripen não possa ser objeto de transferência de tecnologia sem aprovação legislativa nos EUA.

Uma política externa altiva e independente, se perseguida de maneira vigorosa na América do Sul, pode, no curto prazo, produzir ruídos capazes de gerar paralisia em elementos vitais para a preservação da integridade territorial e da segurança nacional, a depender do grau de exposição enfrentado por um determinado país. Esse é o preço da dependência tecnológica. E um enquadramento bipolarizante, no qual depender das indústrias russas e chinesas apareça como mal necessário diante da hegemonia norte-americana, tem a face de Jano: não há dependência melhor que outra quando o assunto é preservar ou ampliar os graus de liberdade e autonomia nacional perante o sistema.

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Anistia Internacional denuncia risco de execuções em massa na República Democrática do Congo

A transferência de mais de 170 condenados à morte para a prisão de Angenga gerou temor de execuções em massa e críticas de organizações de direitos humanos. ONG exige moratória imediata, enquanto o governo defende a medida como combate à violência urbana

A recente transferência de mais de 170 pessoas condenadas à morte para a prisão de Angenga, na República Democrática do Congo (RDC), gerou preocupação internacional, com organizações de direitos humanos alertando para o risco iminente de execuções em massa, alertou a ONG Anistia Internacional (AI).

A medida foi anunciada no domingo (5) pelo ministro da Justiça da RDC, Constant Mutamba. Os presos, supostamente vinculados a gangues criminosas conhecidas como “Kuluna”, foram transferidos de Kinshasa para Angenga, uma prisão localizada em uma área remota. A maioria dos transferidos tem idades entre 18 e 35 anos e é acusada de envolvimento em atos de violência urbana, uma alegação ainda não respaldada por evidências concretas.

De acordo com Mutamba, a retomada das execuções tem como objetivo combater o crescente número de gangues urbanas na RDC. No entanto, especialistas em direitos humanos questionam a eficácia dessa abordagem e criticam a falta de transparência sobre o processo judicial que levou à condenação dos réus.

Temores de execuções em massa

Sarah Jackson, vice-diretora regional da Anistia Internacional para a África Oriental e Austral, descreveu as transferências como “absolutamente aterradoras” e expressou sérias preocupações sobre a falta de informações confiáveis sobre o status dos condenados. “Estamos temendo execuções em massa iminentes pelas autoridades”, afirmou Jackson, acrescentando que o presidente Felix Tshisekedi deve interromper imediatamente qualquer plano de execução, seja na prisão de Angenga ou em outro local.

A Anistia Internacional também exige que o parlamento da RDC adote uma moratória sobre as execuções até que a pena de morte seja completamente abolida no país. A organização pediu, ainda, o fim das transferências em massa para prisões remotas, como Angenga, onde dezenas de detentos já morreram devido a condições precárias, como fome e doenças.

A oposição à pena de morte

A RDC havia suspendido as execuções por duas décadas, mas, em março de 2024, o governo anunciou que retormaria a prática, o que resultou em um aumento significativo das sentenças de morte, especialmente em tribunais militares. Essas sentenças muitas vezes seguem julgamentos que organizações de direitos humanos consideram injustos, sendo proferidas, em grande parte, contra supostos membros de gangues ou grupos armados.

O governo da RDC, por sua vez, justifica a retomada das execuções como parte de uma estratégia para conter a crescente violência nas áreas urbanas, alimentada, segundo eles, pelas ações dessas gangues.

A oposição à pena de morte

A Anistia Internacional, que se opõe incondicionalmente à pena de morte, continua a pressionar para que a RDC tome medidas imediatas para suspender as execuções e busque alternativas mais humanas e eficazes para combater a criminalidade. A organização também exige maior transparência e acesso a informações sobre o paradeiro dos presos, especialmente aqueles transferidos para locais remotos, como Angenga.

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Movimentação militar da China remete à estratégia do Dia D e aumenta apreensão sobre Taiwan

Construção de embarcações estratégicas é vista como possível passo rumo a ações anfíbias, mas especialistas destacam desafios para Beijing

    O desenvolvimento de embarcações especializadas pela China, consideradas adequadas para operações anfíbias, desperta preocupação sobre a possibilidade de um ataque a Taiwan. A informação, revelada pela revista Newsweek, vem acompanhada de análises que comparam a situação às preparações do Dia D na Segunda Guerra Mundial, quando tropas aliadas desembarcaram na Normandia.

Nos últimos anos, Beijing intensificou a pressão sobre a ilha, com incursões aéreas quase diárias e exercícios militares simulando bloqueios. Apesar de Taiwan ser governada democraticamente, a China a considera parte de seu território e já afirmou que usará força militar, se necessário, para incorporá-la.

Entre as novas construções chinesas, ao menos três barcaças foram identificadas em um estaleiro na província de Guangdong. As embarcações, segundo fontes citadas pelo site Naval News, possuem pontes móveis de 120 metros que podem facilitar o transporte de veículos pesados diretamente para as estradas costeiras, contornando defesas naturais.

Embora a quantidade atual de barcaças — cinco ou seis, de acordo com analistas — seja insuficiente para uma invasão em larga escala, especialistas apontam que elas oferecem maior flexibilidade tática ao Exército de Libertação Popular. “Essas barcaças podem ter usos não militares, mas sua capacidade de implantação sobre praias pode neutralizar estratégias defensivas de Taiwan”, avaliou Raymond Kuo, do think tank RAND Corp.

A topografia de Taiwan representa um desafio considerável para uma invasão. Segundo Ian Easton, professor do U.S. Naval War College, o estreito de Taiwan possui condições climáticas favoráveis por apenas dois meses ao ano, e as praias utilizáveis são limitadas.

Para o ex-almirante James Stavridis, que se manifestou na rede X, antigo Twitter, as movimentações lembram as estratégias do Dia D. Já o ex-oficial de inteligência John Culver apontou que os avanços chineses podem indicar novos desenvolvimentos militares nos próximos dois anos.

Mesmo com esses avanços, o Pentágono avalia que a China ainda não está pronta para uma invasão bem-sucedida. “Eles estão tentando alcançar esse objetivo, mas não está claro se estão mais perto do que há alguns anos”, disse Ely Ratner, secretário assistente de Defesa para Assuntos de Segurança do Indo-Pacífico.

Enquanto isso, Taiwan continua se preparando. O país tem reforçado seus estoques de armamentos, incluindo sistemas de defesa adquiridos dos Estados Unidos e produzidos localmente. Contudo, enfrenta atrasos na entrega de aproximadamente US$ 20 bilhões em vendas de armas já aprovadas pelo Congresso norte-americano.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

O ápice da crise aconteceu em outubro de 2024, quando a China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha. O treinamento mostrou que Beijing tem condições de impor um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha.

Trata-se de uma hipótese que vem sendo levantada há tempos por analistas, pois permitira à China sufocar Taiwan sem necessariamente iniciar uma guerra. Se colocada em prática, a medida aceleraria o consumo de materiais essenciais e levaria Taiwan ao colapso, jogando para os aliados ocidentais a decisão de abrir fogo ou não.

Apesar das alternativas apresentadas nas recentes manobras militares, uma invasão militar segue no radar chinês. “Estamos dispostos a lutar pela perspectiva de reunificação pacífica com a máxima sinceridade e empenho”, disse Chen Binhua, porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan na China, citado pela agência Reuters. “Mas nunca nos comprometeremos a renunciar ao uso da força”, adicionou.

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Soldados norte-coreanos na Ucrânia: contingente à beira do colapso, diz estudo

Se o ritmo de baixas na guerra persistir, todos os combatentes de Pyongyang podem ser eliminados ou incapacitados até abril

    A participação de tropas norte-coreanas no conflito entre Rússia e Ucrânia tem gerado preocupações sobre o destino desse contingente militar. Um think tank sediado em Washington alertou que, caso a alta taxa de baixas enfrentada pelos soldados norte-coreanos persista, todos os 12 mil militares enviados à região de Kursk podem ser mortos ou feridos em até três meses. As informações são da rede Radio Free Asia.

Desde que iniciaram combates intensos em dezembro de 2024, os soldados norte-coreanos têm sofrido cerca de 92 baixas diárias, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, da sigla em inglês). O relatório do think tank, baseado em dados da Ucrânia, Coreia do Sul e fontes russas, aponta que essas tropas correm o risco de serem eliminadas ou incapacitas até meados de abril de 2025.

A Ucrânia relatou em 4 de janeiro que 3.800 soldados norte-coreanos já haviam sido atingidos, muitos se tornando alvos fáceis para drones ucranianos devido à falta de preparo para a guerra moderna. Seul, por sua vez, estimou que mais de 300 militares foram mortos e cerca de 2.700 feridos até 13 de janeiro.

Hwang Joon-kook, representante sul-coreano na ONU, acusou o regime de Pyongyang de tratar seus soldados como “descartáveis”, expondo-os a táticas desumanas que contribuem para as altas baixas. Fontes ucranianas também denunciaram que soldados norte-coreanos estão sendo usados como “detectores de minas humanos”.

Erros de coordenação

O almirante Rob Bauer, chefe do comitê militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), classificou como “erro estratégico” a colaboração entre russos e norte-coreanos. Segundo ele, as tropas norte-coreanas sofrem com a barreira linguística e a falta de coordenação eficaz, sendo empregadas em posições desfavoráveis.

“Sabemos que há cerca de 11 mil soldados norte-coreanos em Kursk, muitos já feridos ou mortos. Eles estão sendo usados de forma ineficaz, e isso demonstra como o regime norte-coreano trata seus militares como peças descartáveis”, afirmou Bauer em coletiva de imprensa.

A presença norte-coreana no conflito também representa uma reconfiguração geopolítica significativa. “É impressionante ver o país mais isolado do mundo se tornar um jogador ativo na Europa, conectando o Indo-Pacífico ao teatro europeu de guerra”, acrescentou o almirante.

Ameaça de escalada militar

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky alertou que a Coreia do Norte pode enviar até meio milhão de soldados para reforçar o esforço de guerra russo. Apesar de possuir um exército com 1,2 milhão de efetivos, a Coreia do Norte é conhecida por usar suas tropas em projetos de infraestrutura, e não em combates diretos.

Com pouca experiência em guerras modernas e um histórico de táticas antiquadas, os soldados norte-coreanos enfrentam desafios que podem transformar sua presença no conflito em uma tragédia humanitária e militar.

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Rússia tem acelerado seus esforços de rearmamento mais rapidamente do que o previsto, segundo Christian Freuding, general de divisão da Alemanha e responsável pelo grupo de trabalho militar do país em apoio à Ucrânia. As declarações foram publicadas pelo jornal The Telegraph,

“As Forças Armadas russas não são apenas capazes de compensar suas enormes perdas de pessoal e material. Elas estão se rearmando com sucesso”, afirmou o militar, acrescentando que “a produção está crescendo, os estoques nos depósitos estão aumentando”.

Sob a liderança de Vladimir Putin, a economia russa foi redirecionada para sustentar o esforço de guerra e ainda tem recebido apoio externo significativo, com fornecimentos adicionais provenientes do Irã e da Coreia do Norte. Esses recursos têm contribuído para o reabastecimento de tanques, mísseis e drones russos, reforçando a capacidade militar do Kremlin.

    Embora o general tenha afirmado que não há indícios claros de um plano imediato de Putin para atacar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ele alertou que o presidente russo está criando as condições necessárias para isso. A avaliação reforça as preocupações com o aumento das tensões entre Rússia e os países ocidentais.

Avanços russos na guerra

Enquanto isso, na Ucrânia, as forças russas têm intensificado os combates em torno de Pokrovsk, na região de Donetsk. O local, que abriga uma importante mina de carvão metalúrgico, é estratégico para a indústria siderúrgica ucraniana e para a logística militar do país. De acordo com fontes citadas pela agência Reuters, as atividades da mina foram interrompidas e os trabalhadores evacuados devido à proximidade das tropas russas.

A captura de Velyka Novosilka, na mesma região, também foi relatada como um avanço simbólico, demonstrando a progressão das forças russas desde meados de 2024. Além disso, analistas indicam que o controle de territórios estratégicos pode fortalecer a posição russa em futuras negociações.

No cenário político internacional, o ex-presidente dos Estados UnidosDonald Trump, propôs a busca por um acordo de paz para encerrar o conflito. Contudo, conselheiros de Volodymyr Zelensky consideram que tal iniciativa seria “um erro catastrófico”, especialmente diante da resistência ucraniana e do aumento do apoio popular a uma solução negociada.

Rússia e Otan: guerra nuclear?

Se Freuding vê um conflito ainda distante, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev afirmou no domingo (19) que uma guerra nuclear entre Rússia e Otan quase foi iniciada sob o governo de Joe Biden nos EUA. Em publicação no Telegram, o aliado de Putin acusou o presidente norte-americano de perder o controle da situação ao transformar um conflito regional em uma guerra entre o Ocidente e a Rússia.

“O velho praticamente desencadeou uma guerra entre o Ocidente coletivo e a Rússia, que quase levou a uma troca nuclear com a Otan”, escreveu Medvedev, conforme relato da revista Newsweek.

Medvedev, que atualmente é vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, também criticou a postura econômica e política de Biden, classificando-a como desastrosa.

“Embora seja verdade que esta guerra beneficie os EUA economicamente, os custos políticos e o perigo real de um conflito fatal são muito mais importantes. É algo para o qual o velho não estava preparado”, declarou. O ex-líder ainda atribuiu ao presidente americano uma “derrota esmagadora” dos democratas nas urnas.

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Soldados norte-coreanos matam cinco militares russos em Kursk e aumentam tensão no campo de batalha

Incidente destaca problemas de coordenação, barreiras linguísticas e condições precárias enfrentadas pelas forças de Pyongyang

    Três soldados norte-coreanos mataram cinco militares russos na região de Kursk, na Rússia, desencadeando uma caça aos suspeitos descritos como “armados e perigosos”. O incidente foi relatado por um canal de Telegram especializado em informações militares, destacando o clima de tensão entre tropas aliadas. As informações são da rede Radio Free Asia.

A presença de soldados norte-coreanos em apoio às forças russas na guerra contra a Ucrânia é estimada em 12 mil combatentes, segundo fontes dos Estados Unidos e da Ucrânia. No entanto, tanto Moscou quanto Pyongyang mantêm silêncio oficial sobre o envio dessas tropas.

De acordo com informações divulgadas pelo canal Spy Dossier, que monitora conteúdo militar, o ataque ocorreu no dia 13 de janeiro de 2025, próximo à vila de Bolshoye Soldatskoye, na região de Kursk. Três soldados da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) teriam assassinado cinco militares da 810ª Brigada de Fuzileiros Navais da Rússia, uma unidade baseada em Sevastopol e que participa de intensos combates na região.

O cartaz de procurado compartilhado pelo canal descreve os suspeitos como “armados e perigosos”, alertando os moradores locais para que evitem qualquer confronto e informem as autoridades sobre qualquer avistamento.

Problemas de comunicação no front

Não há informações claras sobre a motivação do ataque, mas especialistas e blogueiros militares sugerem que pode ter havido um caso de “fogo amigo” devido à barreira linguística entre as tropas russas e norte-coreanas. Em dezembro, a Inteligência de Defesa da Ucrânia (DIU, da sigla em inglês) destacou que essa dificuldade de comunicação tem gerado erros graves no campo de batalha.

Um exemplo citado pela DIU foi o caso em que soldados norte-coreanos abriram fogo contra veículos do batalhão checheno Akhmat, resultando na morte de oito combatentes conhecidos como kadyrovitas. Tropas russas capturadas pela Ucrânia confirmaram que as unidades norte-coreanas são mantidas separadas das russas para evitar tais incidentes.

Condições precárias e descontentamento

Além dos problemas de coordenação, as tropas norte-coreanas enfrentam dificuldades relacionadas à falta de suprimentos. Em dezembro, a DIU relatou que combatentes norte-coreanos na região de Kursk estavam insatisfeitos com as rações insuficientes. Para lidar com a situação, autoridades russas enviaram o Major General Mevlyutov, do Distrito Militar de Leningrado, que ordenou a redistribuição de rações de outras unidades russas para os norte-coreanos.

Relatos ucranianos indicam que soldados norte-coreanos mortos em combate carregavam equipamentos precários, incluindo granadas de baixa qualidade e kits médicos inadequados, além de não possuírem comida militar em suas bagagens.

O aumento das baixas entre as tropas norte-coreanas em Kursk e o incidente envolvendo os soldados fugitivos ressaltam os desafios operacionais enfrentados pela coligação militar liderada pela Rússia. A situação também lança luz sobre as dificuldades logísticas e o impacto das barreiras culturais e linguísticas no campo de batalha.

Enquanto a caça pelos soldados norte-coreanos continua, as tensões entre as tropas aliadas permanecem em foco, trazendo novas preocupações sobre a eficácia da colaboração militar entre Moscou e Pyongyang.

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