GEOPOLITICA
A A | ![]() Ameaça nuclear: Os acordos não valem mais?Recente ataque ucraniano à bombardeiros nucleares russos suscita: talvez Trump tenha atropelado as regras internacionais da guerra, frustrando acordos de paz. E Moscou não confia mais no “instinto de autopreservação” da Casa Branca… Em contraste com os tempos de Joe Biden, quando a inimizade era preto-no-branco, desde a posse de Donald Trump os EUA e a Rússia têm, desajeitada ou até desastradamente, tentado acertar passos de dança, para verem se dão conta de voltar a conviver de uma forma minimamente fluida como outrora. Não mais. No dia 1 de junho, ataques ucranianos a bombardeiros estratégicos das forças nucleares da Rússia e a um trem de passageiros, o que resultou na morte de civis, foram a pá de cal. No dia 4, Vladimir Putin declarou: “Essas ações apenas confirmam nossas preocupações de que o já ilegítimo regime de Kiev, tendo tomado o poder pela força, vem de forma resoluta se convertendo em uma organização terrorista, ao passo que os seus patrocinadores atuam cada vez mais como cúmplices de terrorismo”. Isto significa que a Rússia passou a considerar os Estados Unidos como país patrocinador de terrorismo, e terrorismo contra a Rússia. Neste mesmo discurso, Putin formalizou o abandono por parte da Rússia de quaisquer futuras negociações de paz com a Ucrânia, porque com terroristas não se negocia, ponto. Mas o quadro é ainda pior. Até o dia 4 de fevereiro de 2026 os Estados Unidos e a Rússia encontram-se vinculados ao tratado New Start (ou Start-3), que assinaram em 2010 e prorrogaram em 2021. Esse tratado obriga as partes a prover transparência, por meio de inspeções e monitoramento por satélite, de seus respectivos arsenais nucleares um perante o outro. Foi por essa razão que os bombardeiros estratégicos russos estavam estacionados a céu aberto, em vez de protegidos em hangares. O mesmo tratado que exige essa transparência coloca as partes como garantidoras da segurança dos equipamentos expostos um do outro. Assim, a inteligência militar dos Estados Unidos, ao repassar à Ucrânia coordenadas de geolocalização das aeronaves (o que não tem como ser negado, pois nem a Ucrânia nem nenhum dos aliados europeus detém tal capacidade), não apenas fez dos EUA partícipes do ataque como – e muito pior – os fez romper com o tratado, de forma traiçoeira, fazendo uso de informações as quais se encontrava obrigada a resguardar no propósito de infligir dano aos meios nucleares da Rússia. Algo assim equivale, na prática, a uma declaração de guerra. Quanto à Donald Trump em pessoa, ele pode até negar que tivesse conhecimento prévio dos ataques às aeronaves, mas isso não importa para os russos porque, sabedor ou não, é ele quem responde pelos Estados Unidos da América (se ele sabia, tanto pior, se não sabia, passa recibo de não deter controle sobre o próprio governo – o que não seria surpresa nenhuma: há décadas setores do deep state operam por agenda própria). Recentemente (novembro de 2024) a Rússia revisou a sua doutrina nuclear, a qual passou a estabelecer que: “[…] 11. A agressão contra a Federação Russa e/ou seus aliados por parte de qualquer estado não-nuclear [no caso, Ucrânia] com a participação ou apoio de um estado nuclear [no caso, pelo menos os Estados Unidos, senão Reino Unido e França também] é considerada um ataque conjunto por ambos. […] 19. As condições que permitem a possibilidade do emprego de armas nucleares pela Federação Russa são as seguintes: […] ações de um adversário que afetem elementos criticamente importantes da infraestrutura estatal ou militar da Federação Russa, cuja incapacitação prejudicaria ações de retaliação pelas forças nucleares; […]”. Uma vez que foi precisamente isto o que aconteceu, a resposta esperada agora seria um contra-ataque nuclear russo. Uma tal resposta nuclear pode até acontecer, embora eu descreia. Tampouco um ataque com armas convencionais contra os EUA ou qualquer outro país da OTAN deve ser esperado, posto que arriscaria escalar até a guerra nuclear. Esse anticlímax repete o ocorrido em fins do governo Biden, quanto as tensões haviam chegado a um tal ponto que Vladimir Putin explicitamente ameaçou: “No dia 19 de novembro [de 2024], por meio de seis mísseis balísticos táticos ATACMS produzidos pelos Estados Unidos, e também hoje [no dia 21 de novembro], por ocasião de um ataque combinado de mísseis envolvendo os sistemas britânicos Storm Shadow e os sistemas HIMARS produzidos pelos EUA, foram atacadas instalações militares dentro da Federação Russa nas regiões de Bryansk e de Kursk. Daqui por diante, conforme nós havíamos deixado claro repetidamente em comunicações anteriores, o conflito regional na Ucrânia, provocado pelo Ocidente, passa a assumir um caráter global. […] nós estamos conduzindo testes de combate do sistema de mísseis Oreshnik como resposta às ações agressivas da OTAN contra a Rússia. Nossa decisão quanto a futuros lançamentos de mísseis de curto e médio alcance irá depender das ações dos Estados Unidos e seus satélites.” Ameaçou, mas não cumpriu – ainda que, apenas quatro dias depois (no dia 25), mísseis ATACMS de fabricação americana tivessem mais uma vez sido utilizados em um ataque contra a retaguarda russa, atingindo o aeroporto militar de Khalino na cidade de Kursk e destruindo (segundo a Ucrânia) um sistema de defesa antiaérea S-400. Não obstante, a retaliação russa ao ataque às aeronaves ainda virá. Para que seja caracterizada com tal (de modo a surtir efeito intimidatório sobre o Ocidente), ela terá que ser qualitativamente distinta daquilo que os russos já vêm fazendo (mísseis e drones sobre a Ucrânia). E algo assim requer tempo para planejamento e preparação. Podemos assumir que a retaliação virá em seguida à próxima reunião do Conselho de Segurança da Rússia, quando as opções serão analisadas e o martelo será batido. A minha perspectiva é que essa retaliação recairá sobre a Ucrânia, e não sobre os EUA ou a OTAN. Talvez a Rússia converta a sua “operação militar especial” em uma “operação de contraterrorismo”, pelo que toda a liderança ucraniana se tornaria passível de ser caçada e fisicamente liquidada. No limite, uma arma nuclear tática poderia ser empregada contra a Ucrânia, de modo a, pelo choque, levar as populações do Ocidente a caírem em si em relação aos riscos que desavisadamente já estão correndo. Eu posso estar enganado, mas Vladimir Putin não quererá correr o risco de desencadear uma guerra nuclear contra os Estados Unidos. Diversos analistas militares (Andrei Martyanov por exemplo) sustentam que, dadas as tecnologias detidas atualmente por cada lado, a Rússia estaria em condições de arrasar por completo os Estados Unidos, enquanto que as suas defesas antimísseis (compostas por sistemas como S-500, S-550 e A-235 Nudol) estariam em condições de abater a maioria dos mísseis americanos. Só que “a maioria” não significa “todos” e, assim, ainda que a Rússia sobreviva a uma guerra nuclear, milhões de pessoas morreriam vítimas daqueles mísseis que penetrassem as defesas. Para Putin (e para a Rússia) algo assim não seria “vencer” uma guerra nuclear, seria meramente “perder menos”. A situação da Rússia é exasperadora: ela não quer (e não vai, creio eu) provocar uma guerra nuclear, e assim ela não pode retaliar os EUA ou a OTAN. Mas, sem retaliá-los, ela os encoraja a novas provocações cada vez mais atrevidas e temerárias, porque a sua cautela é tomada por covardia. E, se nos Estados Unidos a belicosidade contra a Rússia estaria a cargo de facções do governo em vez dele todo, em países como Reino Unido, Alemanha e França a destruição da Rússia já é assumidamente uma política de Estado. Então, o quadro paradoxal a que se chegou é que o Kremlin entende que os Estados Unidos são cúmplices do terrorismo ucraniano contra a Rússia, bem como que os Estados Unidos romperam traiçoeiramente o tratado Start-3 de defesa nuclear mútua que haviam firmado com a Rússia. Em síntese, os Estados Unidos estão agora em guerra contra a Rússia. Ao mesmo tempo, a Rússia não pode responder diretamente, para não arriscar provocar uma guerra nuclear (uma resposta indireta, segundo análises, teria sido uma oposição terminativa, possivelmente sob forma de veto ou ultimato, tanto aos EUA quanto a Israel com respeito a qualquer ação militar contra o Irã). Para adornar esse paradoxo com cores bizarras e delirantes, Donald Trump, preso à sua leitura personalíssima da realidade, parece incapaz de se dar conta de que os Estados Unidos acabaram por chegar a um patamar de guerra contra a Rússia, e continua ainda a ver a si próprio como o pacificador por excelência do conflito entre Rússia e Ucrânia. Em entrevista no dia 5 de junho, um repórter lhe perguntou se ele estaria considerando aplicar mais sanções à Rússia, no que ele respondeu “Sim, quando eu vir o momento quando nós não chegaremos a um acordo e que essa coisa [guerra] não vai parar. Nesse momento…” O repórter o interrompe: “Há um prazo limite?”, e ele prossegue: “Sim, está na minha cabeça, o prazo limite. Quando eu vir o momento em que isso não vai parar, e eu tenho certeza de que vocês também verão, nós seremos muito, muito, muito duros. E isso pode ser com os dois países, para ser sincero, você sabe, é preciso dois para dançar um tango. Mas… nós seremos muito duros, seja com a Rússia ou com qualquer outro país, seremos muito duros.” Isso, para no dia seguinte (06), volúvel como ele só, dizer que os ucranianos, com o ataque às aeronaves, “deram a Putin uma razão para ir lá e bombardeá-los até não poder mais”, ou seja, legitimando aquilo que entende já ser a retaliação russa. Uma vez que a mídia hegemônica dá voz não só a Trump mas a qualquer um do lado ucraniano porém a ninguém do lado russo, ao longo de todo o Ocidente (e assim também no Brasil) praticamente inexiste esse entendimento da extrema gravidade da situação – um estado de guerra entre Estados Unidos e Rússia é a antessala de uma guerra nuclear devastadora de todo o planeta (há, claro, as exceções de praxe, como Jeffrey Sachs). A Rússia não teria saída, então? Estaria ela condenada a, de forma humilhante, se ver compelida a aturar, quieta, mais e mais agressões sem poder reagir à altura? Eu penso que não. É claro que ela pode chegar a um ponto de exasperação tal que resolva escalar contra o Ocidente, correndo todo os riscos. Mas eu penso que ela queira buscar uma alternativa mais sagaz. No dia 09 de dezembro de 2022, ao término da cúpula da União Econômica Eurasiana em Bishkek, no Quirguistão, durante uma entrevista despretensiosa um jornalista surpreendeu Vladimir Putin com uma pergunta capciosa, questionando-o sobre ele ter dito em outra ocasião, a respeito da doutrina russa de não usar armas nucleares primeiro, que se elas não fossem usadas primeiro tampouco serviriam depois. Putin lhe respondeu que quis dizer que, em caso de detecção de um ataque de mísseis contra a Rússia, os mísseis russos seriam disparados contra o inimigo garantindo a destruição completa dele, porém isso não impediria que mísseis inimigos viessem a atingir a Rússia, porque, afinal de contas, já teriam sido disparados. Em outras palavras, o arsenal nuclear russo existe para ser um dissuasor e não para o combate real ou, ainda, a finalidade última do arsenal russo é a de não precisar ser utilizado. Na elaboração desse raciocínio Putin mencionou o dispositivo presente na doutrina americana (mas não na doutrina russa) do first strike, um ataque nuclear de surpresa destinado a decapitar a liderança russa e a destruir seus meios para uma retaliação, utilizando mísseis de cruzeiro (Tomahawks) disparados de submarinos próximos à costa russa, armamentos estes que à época em que a teoria do first strike foi concebida os americanos possuíam porém os russos não (mísseis de cruzeiro quando sobre o mar voam rente à agua, e assim não são detectáveis – veja por exemplo este vídeo filmado por pescadores daguestaneses no Mar Cáspio, mostrando mísseis Kalibr a caminho da Ucrânia). E foi durante essa digressão que ele deixou escapar os seguintes fragmentos: “[com relação a] um ataque preventivo de desarmamento com armas hipersônicas, os Estados Unidos não possuem essas armas, mas nós possuímos. Então, com relação a um ataque preventivo, talvez nós devêssemos pensar em como utilizar as soluções dos nossos parceiros americanos e as suas ideias sobre como garantir a sua própria segurança. […] Os Estados Unidos […] têm esse conceito de um ataque preventivo em sua estratégia e em outros documentos das suas políticas. Nós não. […] Se um adversário em potencial acredita que é possível usar a teoria do ataque preventivo, enquanto nós não, isso ainda nos faz pensar na ameaça que tais ideias da esfera da defesa de outros países significam para nós. E isso é tudo o que tenho a lhe dizer.” Uma das coisas que Putin disse foi “nós temos armas hipersônicas, e eles não”. Ora, algumas das armas russas mais modernas são capazes de atingir e destruir os meios de retaliação nuclear americanos sem botar a perder o elemento surpresa, e com munição convencional em vez de nuclear (apenas a título de informações resumidas de domínio público: o míssil de cruzeiro Burevestnik, movido a energia nuclear, supera as limitações de alcance inerentes aos mísseis de cruzeiro por possuir autonomia potencialmente infinita, e assim poderia ser lançado de qualquer ponto da Rússia e atingir os Estados Unidos vindo pelo oceano Pacífico, de forma indetectável por voar rente às ondas; o míssil de cruzeiro hipersônico Zircon pode ser disparado de submarinos próximos à costa americana, também é rasante e assim indetectável, e estima-se que tenha um alcance de até dois mil quilômetros; e o míssil balístico hipersônico Oreshnik, ainda que detectável por satélites, se disparado do extremo leste da Rússia teria um tempo de voo extremamente curto até os silos que abrigam os mísseis intercontinentais Minuteman americanos). Lendo nas entrelinhas, a chave está em associar tais capacidades tecnológicas com uma outra coisa que Putin também disse, “a teoria do first strike faz parte da doutrina deles, mas não da nossa” – se os mísseis russos estiverem equipados com ogivas convencionais em vez de nucleares, então não há necessidade de inscrever o dispositivo do first strike na doutrina nuclear. Surpresa total e absoluta. Eu havia guardado para mim essas ideias sem lhes dar a devida importância, até que em 2024 um artigo em russo assinado por Timofey Sergeitsev, intitulado “A Rússia terá que privar os Estados Unidos das suas armas nucleares”, publicado a 17 de setembro daquele ano pela agência de notícias estatal da Rússia RIA Novosti e repercutido pelo blog em inglês de Andrei Martyanov, me evidenciou a decisão por um first strike de desarmamento. A título de justificativa, reza o artigo: “[…] não se deve contar [de parte dos Estados Unidos] com o “instinto de autopreservação”, pois o sujeito que afirma ter superpoder não o possui por definição. O suicídio é precisamente a sua maior conquista e perspectiva inevitável. Afinal, um supersujeito se torna tal ao gastar recursos incontrolavelmente. O que um dia acaba. No entanto, ao contrário da União Soviética, que aceitou o veneno ideológico do anticomunismo e morreu tranquilamente na sua cama, os Estados Unidos tentarão levar consigo todos os outros. Porque vivem às custas dos outros e não às suas próprias custas. E os outros mais cedo ou mais tarde deixarão de alimentar o dragão.” Há que se desarmar os Estado Unidos antes que eles destruam o planeta ao se darem conta de que não poderão mais predá-lo. Enfim, tudo isso é apenas conjectura da minha parte. E por que? Porque para mim tudo isso faz sentido. E aqui não se trata apenas de fazer sentido, eu preciso acreditar que o mundo não irá acabar em uma hecatombe nuclear mesmo quando eu vejo tudo se encaminhando inexoravelmente nessa direção. Vamos torcer para que os russos estejam mesmo preparando um first strike para desarmamento dos americanos, que o executem a tempo (antes que ocorra a guerra nuclear), e que sejam bem-sucedidos. Do contrário, as nossas (do mundo) perspectivas não são nada, nada favoráveis. Se de todo modo advier a guerra nuclear, ainda assim lhes deixo aqui um texto que elaborei, “O Pós-Guerra Nuclear no Brasil”, sobre como seria possível tentarmos lidar com uma tal realidade. | A A |
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China desenvolve dispositivo capaz de cortar cabos submarinos reforçadosTecnologia avançada pode atingir cabos de comunicação e energia a profundidades de até quatro mil metros e gera temor global A China desenvolveu uma ferramenta capaz de cortar cabos submarinos fortificados, considerados essenciais para a transmissão de 95% dos dados globais. Criado pelo Centro de Pesquisa Científica de Navios e pelo Laboratório Estadual de Veículos Tripulados de Águas Profundas, o dispositivo é capaz de atingir profundidades de até quatro mil metros, cortando cabos feitos de aço, borracha e polímeros com precisão impressionante. As informações são do site Tech Spot. O novo equipamento, que integra submersíveis avançados tripulados e não tripulados como as séries Fendouzhe e Haidou, foi inicialmente projetado para aplicações civis como mineração no leito marinho e operações de resgate. Contudo, sua capacidade de cortar cabos de comunicação próximos a áreas estratégicas, como Guam, onde os EUA mantêm uma base militar, gerou preocupações sobre possíveis implicações geopolíticas. ![]() A questão se torna ainda mais relevante considerando a dependência militar do Ocidente em relação a cabos submarinos para suas estratégias de defesa. Recentes episódios de sabotagem de cabos submersos, como os supostos ataques a linhas de comunicação no Mar Báltico, reforçam a vulnerabilidade dessas infraestruturas críticas. O projeto, liderado pelo engenheiro Hu Haolong, superou desafios técnicos significativos para operar em ambientes de alta pressão. A estrutura de liga de titânio do dispositivo, com vedantes compensados por óleo, permite resistir a enormes pressões sem implodir, mesmo durante uso prolongado. Além disso, o cortador utiliza uma roda de moagem revestida de diamante que gira a 1,6 mil rpm (rotações por minuto), capaz de destruir cabos reforçados com aço sem causar grandes perturbações no sedimento marinho. Embora os cientistas chineses afirmem que a finalidade principal da ferramenta é promover o desenvolvimento de recursos marinhos, a possibilidade de uso militar levanta preocupações em todo o mundo. Especialistas alertam que o dispositivo pode ser operado furtivamente a partir de plataformas remotas, exacerbando temores sobre ataques direcionados a infraestruturas críticas de comunicação. | A A |
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Polônia suspende temporariamente direito de solicitação de asilo na fronteira com BelarusMedida é defendida pelo governo como reforço na segurança das fronteiras, mas criticada por grupos de direitos humanos O governo da Polônia suspendeu temporariamente o direito de migrantes que chegam ao país através da fronteira com Belarus de solicitar asilo. A decisão foi anunciada pelo primeiro-ministro Donald Tusk, após o presidente Andrzej Duda sancionar uma lei controversa que permite às autoridades polonesas suspender esse direito por até 60 dias consecutivos. As informações são da rede BBC. De acordo com Tusk, a medida será implementada “sem um momento de atraso”. Duda justificou a mudança como necessária para fortalecer a segurança nas fronteiras do país. O governo afirmou que a suspensão será aplicada apenas a pessoas que representem uma ameaça à segurança do Estado, como grupos agressivos de migrantes que tentam atravessar a fronteira de forma organizada. ![]() No entanto, a nova legislação enfrentou críticas severas de organizações de direitos humanos, incluindo a Human Rights Watch (HRW), que pediu à União Europeia (UE) para agir judicialmente contra a Polônia caso a lei seja aplicada. A ONG argumenta que a medida “contraria as obrigações internacionais da UE e da Polônia” e que poderia “efetivamente selar completamente a fronteira Polônia-Belarus”, onde autoridades polonesas já praticariam “devoluções ilegais e abusivas”. Apesar das críticas, Tusk rejeitou as acusações feitas por grupos de direitos humanos. “Ninguém está falando sobre violar direitos humanos, o direito ao asilo. Estamos falando sobre não conceder pedidos a pessoas que cruzam a fronteira ilegalmente em grupos organizados por Lukashenko”, afirmou, citando o presidente belarusso. Por que isso importa?Desde 2021, os países na fronteira leste da UE, como Polônia, Lituânia, Letônia e Finlândia, enfrentam um aumento significativo no número de migrantes que chegam ilegalmente de Belarus e Rússia. Para tentar conter esse fluxo, a Polônia enviou milhares de soldados e guardas de fronteira e construiu uma cerca de aço de 5,5 metros de altura ao longo de 186 quilômetros de fronteira em 2021 A cerca foi erguida na tentativa de conter a onda de migrantes que tentavam ingressar no país, com a Polônia acusando o presidente belarusso Alexander Lukashenko de gerar propositalmente uma crise de deslocamento forçado para pressionar a UE. Em sua maioria, eram cidadãos de países do Oriente Médio, como Iraque, Síria e Afeganistão, que passam por Belarus e são direcionados aos países do bloco europeu. Além da Polônia, a questão tornou-se problemática também para três ex-repúblicas soviéticas, Lituânia, Letônia e Estônia. A ação seria uma resposta de Lukashenko às sanções impostas pela UE a Belarus, país acusado de reprimir violentamente as manifestações pró-democracia de agosto de 2020 e de apoiar a Rússia na invasão da Ucrânia. | A A |
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Coreia do Norte usa guerra na Ucrânia para testar armas que podem ser usadas contra o SulEnvio de tropas e armamento para a Rússia preocupa governo sul-coreano e reforça laços militares entre Pyongyang e Moscou A Coreia do Norte está aproveitando seu apoio à invasão russa da Ucrânia para testar armamentos que poderiam ser utilizados em um eventual conflito contra a Coreia do Sul. A declaração, feita pelo embaixador ucraniano em Seul, Dmytro Ponomarenko, reforça o argumento de que a aliança entre Pyongyang e Moscou não beneficia apenas os russos, que recebem armas e soldados. Também beneficia o regime de Kim Jong-un, que adquire experiência de combate crucial de olho em um eventual conflito futuro. “Os líderes sul-coreanos não devem esquecer que Pyongyang também usa solo ucraniano como campo de testes para seu armamento, que pode ser usado em um possível impasse futuro na Península Coreana”, disse o diplomata à agência Yonhap. Desde 2023, a Coreia do Norte tem fornecido à Rússia munições de artilharia, mísseis balísticos de curto alcance, armas convencionais e até tropas, segundo informações dos serviços de inteligência da Coreia do Sul e dos EUA. Estima-se até 12 mil soldados norte-coreanos tenham sido enviados para lutar ao lado das forças russas desde outubro. ![]() Relatórios divulgados pelo Departamento de Inteligência de Defesa dos EUA indicam que destroços de um ataque russo ocorrido na Ucrânia, em 2 de janeiro de 2024, são “quase certamente provenientes de um míssil balístico norte-coreano”. De acordo com o relatório, essa evidência demonstra a crescente cooperação militar entre Pyongyang e Moscou. Ataques mais precisosEm fevereiro deste ano, duas fontes do alto escalão ucraniano disseram à agência Reuters que os ataques com mísseis balísticos norte-coreanos disparados pela Rússia contra a Ucrânia revelam um dado alarmante: a precisão dos projéteis melhorou de forma significativa. Segundo as mesmas pessoas, o que antes parecia um apoio limitado evidencia que a Coreia do Norte está utilizando o conflito para aperfeiçoar sua tecnologia militar. Essa evolução tecnológica preocupa especialistas. “Isso pode ter um impacto importante na estabilidade da região e do mundo”, alerta Yang Uk, do Instituto Asan de Estudos de Políticas, em Seul. O receio é o de que a experiência adquirida na Ucrânia possa ser usada para ameaçar países como Coreia do Sul, Japão e até os EUA, além de potencialmente abastecer Estados instáveis e grupos armados. Embora Moscou e Pyongyang neguem acordos de armamento, a presença de mísseis norte-coreanos nos ataques russos não deixa dúvidas sobre a colaboração crescente entre os dois países. Desde o final do ano passado, a Rússia disparou cerca de cem mísseis K-23, K-23A e K-24 contra a Ucrânia, que aponta também o uso de milhões de projéteis de artilharia e também de soldados norte-coreanos por Moscou. Resposta sul-coreanaEm meio a essas revelações, o líder norte-coreano Kim Jong-un se reuniu na semana passada com o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, em Pyongyang. Na ocasião, prometeu “apoiar invariavelmente a Rússia na luta pela defesa de seus interesses de segurança no futuro”, conforme noticiado pela agência estatal norte-coreana KCNA. A Coreia do Sul, por sua vez, ainda hesita em fornecer ajuda letal à Ucrânia, citando políticas comerciais que proíbem exportações de armas que possam comprometer a segurança nacional ou a paz internacional. Entretanto, o primeiro-ministro sul-coreano Han Duck-soo, que reassumiu o cargo de presidente interino após ter sua destituição anulada pelo Tribunal Constitucional, nesta semana, afirmou que Seul revisará essa política caso a cooperação entre Rússia e Coreia do Norte continue avançando. “Nesse sentido, acho que a República da Coreia (nome oficial da Coreia do Sul) não tem razão para hesitar no desenvolvimento de cooperação técnico-militar em larga escala com a Ucrânia”, disse Ponomarenko à Yonhap. “É uma questão de interesse tanto para Kiev quanto para Seul.” | A A |
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Coreia do Norte enviou familiares de desertores para lutar na guerra da UcrâniaSeleção não se limita a soldados treinados e inclui também indivíduos disciplinados por infrações durante o serviço militar Alguns dos milhares de soldados que a Coreia do Norte enviou para lutar na guerra da Rússia contra a Ucrânia são familiares de desertores e indivíduos considerados “problemáticos” pelo regime norte-coreano. A seleção desses soldados ocorreu principalmente dentro da Storm Corps, uma unidade de forças especiais, em outubro do ano passado, segundo uma fonte em Pyongyang. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA). O processo de escolha incluiu não apenas militares treinados, mas também aqueles que haviam sido disciplinados por infrações durante o serviço militar e pessoas oriundas de “contextos sociais complexos”. Esse termo se refere principalmente a familiares de desertores que fugiram para países como a Coreia do Sul ou a China. ![]() Na Coreia do Norte, parentes de desertores enfrentam punições severas impostas pelo Estado, como vigilância intensa, realocação forçada para áreas remotas, prisão em campos de trabalho ou até execução pública, especialmente se o desertor tiver relevância política ou compartilhado informações consideradas sensíveis. Além disso, essas famílias são frequentemente marginalizadas socialmente, perdendo acesso à educação e a oportunidades de emprego. A estimativa dos governos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos é que Pyongyang tenha enviado até 12 mil soldados para atuar na região russa de Kursk, parte dela recuperada por uma contraofensiva ucraniana. O governo ucraniano afirma que cerca de quatro mil desses soldados foram mortos ou feridos em combate. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estima que um contingente adicional de 20 mil a 25 mil norte-coreanos possa ser enviado para a Rússia. Nem a Rússia nem a Coreia do Norte reconheceram oficialmente a presença dessas tropas no campo de batalha. Segundo a fonte, os corpos dos soldados norte-coreanos mortos começaram a ser enviados de Moscou para Pyongyang por trem a partir do fim de novembro do ano passado. No entanto, os funerais têm sido realizados de maneira secreta e o governo orienta as famílias enlutadas a não divulgar as mortes ou expressar qualquer tipo de luto. Os esforços de Pyongyang para suprimir as informações sobre o envio de tropas, porém, não têm funcionado internamente. “As notícias sobre o envio de tropas para a Rússia estão se espalhando rapidamente entre os residentes norte-coreanos, apesar dos esforços do governo para controlar a narrativa”, afirmou a fonte, que destacou a insatisfação crescente no país. | A A |
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Alianças frágeis levam Alemanha, Polônia, Coreia do Sul e Japão a pensar em armas nuclearesIncerteza sobre o apoio dos EUA e ameaças regionais impulsionam debates sobre proliferação nuclear em países aliados A fragilidade das alianças globais e a imprevisibilidade do governo de Donald Trump estão levando potências como Alemanha, Polônia, Coreia do Sul e Japão a reconsiderar o uso de armas nucleares como forma de garantir sua segurança. Com receio da confiabilidade do “guarda-chuva nuclear” dos EUA, esses países agora debatem abertamente suas opções de defesa nuclear, segundo o jornal Financial Times. Na Alemanha, o debate ganhou força após Friedrich Merz, considerado o próximo chanceler do país, sugerir que o país deveria avaliar se a segurança nuclear garantida pelo Reino Unido e França poderia ser aplicada também à Alemanha. Embora Berlim abrigue cerca de 20 bombas nucleares dos EUA na base de Büchel desde 1983, políticos e especialistas discutem se o país deveria desenvolver sua própria capacidade nuclear, mesmo que isso possa gerar retaliações de Moscou e de outras nações europeias. ![]() Na Polônia, o primeiro-ministro Donald Tusk se tornou o primeiro líder do país a mencionar a possibilidade de desenvolver armas nucleares ou pelo menos firmar um acordo de compartilhamento nuclear com a França. Seu rival político, o presidente Andrzej Duda, defende que os EUA deveriam transferir ogivas nucleares para território polonês, uma ideia considerada provocativa por Moscou e que Washington reluta em aceitar. Na Ásia, a Coreia do Sul enfrenta uma crescente ansiedade com o progresso contínuo do programa nuclear da Coreia do Norte e a aliança cada vez mais próxima entre Pyongyang e Moscou. Autoridades sul-coreanas debatem a ideia de alcançar o status de “limiar nuclear”, mantendo infraestrutura para construir armas nucleares rapidamente, caso necessário. “O apoio para que a Coreia do Sul adquira suas próprias armas nucleares está se ampliando e se consolidando”, afirmou Sangsin Lee, pesquisador do Instituto de Unificação Nacional da Coreia. O Japão, o único país do mundo a ter sofrido um ataque nuclear, enfrenta um dilema ainda mais complexo. Apesar de sua Constituição pacifista, o Japão mantém um significativo estoque de plutônio que poderia ser usado para fabricar armas nucleares em poucos meses, caso um consenso político seja atingido. “O plano A é abraçar os EUA. O plano B é abraçar os EUA mais forte, e assim por diante. O plano Z, neste momento, é obter armas nucleares”, afirmou Stephen Nagy, professor de política e estudos internacionais da Universidade Cristã Internacional de Tóquio. Embora a construção de arsenais nucleares seja considerada uma alternativa improvável por enquanto, os debates em torno do tema evidenciam uma crescente insegurança global. Para muitos desses países, a possibilidade de construir suas próprias armas nucleares passou de uma ideia impensável para uma opção que deve ser seriamente considerada diante de ameaças regionais e da possível perda do apoio dos EUA. “O fenômeno Trump forneceu um poderoso acelerador para vozes em Estados aliados dos EUA que agora veem armas nucleares em suas próprias mãos como solucionadoras fundamentais do problema colocado pela falta de confiabilidade americana”, avalia Ankit Panda, analista do think-tank Carnegie Endowment e autor do livro The New Nuclear Age (A Nova Era Nuclear, em tradução literal). | A A |
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A A | A precariedade militar da América do SulEm quase toda a região, Forças Armadas têm histórico de intervir indevidamente na vida política. Esta tendência contrasta com sua incapacidade para defender os respectivos países. Balanço de uma deficiência gravíssima, em tempos de Trump Se considerarmos os orçamentos e o pessoal ativo no total da população, a América do Sul apresenta níveis apenas moderados de militarização. Isso contrasta de forma expressiva com a concentração de recursos naturais nesse continente, incluindo recursos hídricos, e que por força das circunstâncias exigem capacidades de controle territorial e dissuasão pelos Estados nacionais da região. Países do Oriente Médio, como Israel e Arábia Saudita, em um contexto geoeconômico igualmente complexo, frequentemente mantêm mais de 10 militares por 1.000 habitantes, enquanto na América do Sul essa proporção geralmente varia entre 2 e 5 militares por 1.000 habitantes, dependendo do país. O Brasil, o maior país do continente, possui cerca de 1,7 milhão de militares e reservistas em uma população de 216 milhões, representando uma proporção relativamente baixa. Na América do Sul, os gastos militares representam geralmente entre 1% e 2% do PIB, abaixo de regiões como América do Norte e Europa, onde podem ultrapassar 3% do PIB, como nos EUA e na Polônia. Tudo isso indica um alto grau de exposição geopolítica dos Estados-nação sul-americanos, em um contexto cada vez mais incerto acerca das garantias de resolução pacífica de conflitos na terceira década do século XXI. Embora as ameaças de incorporação do Canadá e da Groenlândia feitas pelo atual chefe de Estado norte-americano sejam apenas bravatas, elas certamente são algo mais do que se tivessem sido proferidas por um polemista qualquer. Mas mesmo a força dos números já não basta na guerra moderna. Vivemos em um contexto militar no qual as forças são cada vez mais especializadas, mais profissionalizadas, e tecnologicamente intensivas. Os choques convencionais entre forças militares seguem no portfólio de opções das grandes potências – vide a guerra russo-ucraniana -, a despeito da crescente importância da guerra cibernética e das operações de guerra híbrida no front interno. O controle territorial e a dissuasão requerem ativos militares modernos; e pesando ainda mais sobre as desvantagens numéricas sul-americanas, está a sua quase absoluta dependência tecnológica em relação a potências estrangeiras. Esse é um prospecto que dificilmente pode ser revertido no curto prazo, embora os exemplos da Ìndia e da China soem como promissores. Há, contudo, um abismo entre as condições políticas e econômicas que permitiram a Délhi e a Pequim garantir suficiente autonomia tecnológica militar nacional, e aquelas vigentes na América do Sul. Nem mesmo no que diz respeito ao básico (armas leves, blindados, artilharia), os países mais militarizados da região contam com autonomia. A relativa exceção é o Brasil, com uma indústria de defesa suficientemente consolidada para a produção de seus próprios veículos blindados, como o formidável Guarani VBTP-MR (mas mesmo nesse caso, em parceria com a italiana Iveco), em serviço desde 2014, e também exportado para o Líbano, Gana e Filipinas. O Brasil produz o sistema de mísseis Astros II (Avibras), operado não só pelo exército brasileiro mas pelas forças armadas do Iraque, Bahrein, Catar, Arábia Saudita, Indonésia e Malásia. A comparação com as demais nações mais militarizadas da América do Sul é impactante. A Argentina encontra-se estagnada, mantendo em operação o obsoleto TAM (Tanque Argentino Mediano) em serviço desde 1983, e não conta com capacidade de produção nacional de armas de artilharia A Venezuela, também desprovida de uma indústria de defesa sólida, depende de importações da Rússia e da China, como no caso do tanque T-72 e do sofisticado sistema de mísseis S-300. A Colômbia e o Peru são igualmente dependentes de importações e da assistência técnica provida por potências estrangeiras. No que tange ao poder naval, somente o Brasil conta com capacidade, ainda que limitada, de construção de vasos de guerra. A marinha brasileira encontra-se em processo de substituição das fragatas classe Niterói (operadas desde 1975) pela sofisticada fragata classe Tamandaré, com projeto e produção nacionais, em parceria com a Thyssenkrupp Marine Systems. Na América do Sul, é o único país capaz de construir submarinos convencionais, e através do ProSub (em parceria com a França) pretende comissionar um submarino nuclear até 2034. A Argentina conta com estaleiros militares capazes de produzir as corvetas da classe Espora (com apoio alemão, e já obsoletas) e pequenos navios de patrulha costeira. Nos anos 1980 a Argentina era a única nação sul-americana com capacidade de construção de submarinos (classe TR-1700), mas atualmente a infraestrutura de engenharia e logística necessária encontra-se fora de operação, e tecnologicamente defasada. Venezuela, Colômbia e Peru não contam com construção naval militar significativa, e operam submarinos da classe Kilo (importados da Rússia) e Tipo 209 (modelos de exportação, produzidos na Alemanha). No que tange o poder aéreo, a situação é ainda mais complicada. Mais uma vez, só o Brasil dispõe de engenharia e indústrias para a produção de aeronaves militares, e mesmo nesse caso, fortemente dependente de tecnologia estrangeira. O icônico A-29 Super Tucano, produzido pela Embraer, e operado por 21 forças aéreas no mundo, é um formidável aparelho para emprego em patrulhamento e contrainsurgência, mas incapaz de garantir poder de interceptação e superioridade aérea. Para tal, o Brasil opera o F-39 Gripen, caça multiuso de 4ª geração, de origem sueca, montado parcialmente no Brasil (a partir de acordo de transferência parcial de tecnologia). Do total, apenas oito de trinta e seis unidades foram entregues, devido a dificuldades orçamentárias. As defesas aéreas do Brasil dependem hoje em grande parte da frota composta por antigas aeronaves F-5 Tiger II, que apesar de modernizadas pela Embraer, são insuficientes para a tarefa. A Argentina outrora integrou o hall de países construtores de aeronaves militares, especialmente com seu IA-58 Pucará, avião de ataque leve e contrainsurgência, mas hoje opera uma força aérea absolutamente insuficiente e dependente dos Estados Unidos: em 2024 o Departamento de Estado norte-americano aprovou a transferência de 24 caças F-16 da Força Aérea da Dinamarca para a Força Aérea Argentina (ainda não entregues), de modo a conter a oferta de um lote de JF-17 Thunder produzidos pela China. Neste quesito, a Argentina junta-se ao Chile, o maior operador de caças F-16 na América do Sul (esse último com 48 unidades). Já a Venezuela não tem qualquer capacidade de projetar e produzir aeronaves, e depende do emprego dos avançados Sukhoi Su-30MK2 russos e de obsoletos Chengdu F-7 chineses. A Força Aérea Venezuelana também opera com o F-16 da Boeing, mas devido ao status das relações com Washington, a manutenção dessas máquinas segue prejudicada. Tal como a Venezuela, o Peru não produz aeronaves, e opera um número pequeno de aeronaves MiG-29, de fabricação russa, bem como cerca de uma dezena de caças Mirage 2000 franceses, projetados ao final dos anos 1970. A situação da Colômbia é ainda mais crítica, pois a espinha dorsal de suas defesas aéreas conta com apenas seis caças Kfir, de fabricação israelense, ainda operacionais. É desnecessário dizer que os atritos recentes entre os governos Petro e Netanyahu, em função do genocídio perpetrado por Telaviv em Gaza, cortou totalmente o suporte técnico da IAI (Israel Aircraft Industries) à Força Aérea Colombiana. A expectativa é de que a Colômbia perca todo seu poder de interceptação aérea em um ou dois anos. Em todos esses casos, há uma constante: o tremendo risco geopolítico envolvido na dependência de serviços de engenharia, assistência técnica e de tecnologia mantidos por potências estrangeiras. Cumpre dizer que o acordo de transferência de tecnologia entre a SAAB e a Embraer enfrentou recentemente um pedido de investigação pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, por supostas irregularidades no processo de concorrência em que a Boeing foi derrotada pela empresa sueca. A ele se somam preocupações em Washington de que, por conter componentes de origem norte-americana, o F-39 Gripen não possa ser objeto de transferência de tecnologia sem aprovação legislativa nos EUA. Uma política externa altiva e independente, se perseguida de maneira vigorosa na América do Sul, pode, no curto prazo, produzir ruídos capazes de gerar paralisia em elementos vitais para a preservação da integridade territorial e da segurança nacional, a depender do grau de exposição enfrentado por um determinado país. Esse é o preço da dependência tecnológica. E um enquadramento bipolarizante, no qual depender das indústrias russas e chinesas apareça como mal necessário diante da hegemonia norte-americana, tem a face de Jano: não há dependência melhor que outra quando o assunto é preservar ou ampliar os graus de liberdade e autonomia nacional perante o sistema. | A A |
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A A | A recente transferência de mais de 170 pessoas condenadas à morte para a prisão de Angenga, na República Democrática do Congo (RDC), gerou preocupação internacional, com organizações de direitos humanos alertando para o risco iminente de execuções em massa, alertou a ONG Anistia Internacional (AI). A medida foi anunciada no domingo (5) pelo ministro da Justiça da RDC, Constant Mutamba. Os presos, supostamente vinculados a gangues criminosas conhecidas como “Kuluna”, foram transferidos de Kinshasa para Angenga, uma prisão localizada em uma área remota. A maioria dos transferidos tem idades entre 18 e 35 anos e é acusada de envolvimento em atos de violência urbana, uma alegação ainda não respaldada por evidências concretas. De acordo com Mutamba, a retomada das execuções tem como objetivo combater o crescente número de gangues urbanas na RDC. No entanto, especialistas em direitos humanos questionam a eficácia dessa abordagem e criticam a falta de transparência sobre o processo judicial que levou à condenação dos réus. Temores de execuções em massaSarah Jackson, vice-diretora regional da Anistia Internacional para a África Oriental e Austral, descreveu as transferências como “absolutamente aterradoras” e expressou sérias preocupações sobre a falta de informações confiáveis sobre o status dos condenados. “Estamos temendo execuções em massa iminentes pelas autoridades”, afirmou Jackson, acrescentando que o presidente Felix Tshisekedi deve interromper imediatamente qualquer plano de execução, seja na prisão de Angenga ou em outro local. A Anistia Internacional também exige que o parlamento da RDC adote uma moratória sobre as execuções até que a pena de morte seja completamente abolida no país. A organização pediu, ainda, o fim das transferências em massa para prisões remotas, como Angenga, onde dezenas de detentos já morreram devido a condições precárias, como fome e doenças. A oposição à pena de morteA RDC havia suspendido as execuções por duas décadas, mas, em março de 2024, o governo anunciou que retormaria a prática, o que resultou em um aumento significativo das sentenças de morte, especialmente em tribunais militares. Essas sentenças muitas vezes seguem julgamentos que organizações de direitos humanos consideram injustos, sendo proferidas, em grande parte, contra supostos membros de gangues ou grupos armados. O governo da RDC, por sua vez, justifica a retomada das execuções como parte de uma estratégia para conter a crescente violência nas áreas urbanas, alimentada, segundo eles, pelas ações dessas gangues. A oposição à pena de morteA Anistia Internacional, que se opõe incondicionalmente à pena de morte, continua a pressionar para que a RDC tome medidas imediatas para suspender as execuções e busque alternativas mais humanas e eficazes para combater a criminalidade. A organização também exige maior transparência e acesso a informações sobre o paradeiro dos presos, especialmente aqueles transferidos para locais remotos, como Angenga. | A A |
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A A | O desenvolvimento de embarcações especializadas pela China, consideradas adequadas para operações anfíbias, desperta preocupação sobre a possibilidade de um ataque a Taiwan. A informação, revelada pela revista Newsweek, vem acompanhada de análises que comparam a situação às preparações do Dia D na Segunda Guerra Mundial, quando tropas aliadas desembarcaram na Normandia. Nos últimos anos, Beijing intensificou a pressão sobre a ilha, com incursões aéreas quase diárias e exercícios militares simulando bloqueios. Apesar de Taiwan ser governada democraticamente, a China a considera parte de seu território e já afirmou que usará força militar, se necessário, para incorporá-la. Entre as novas construções chinesas, ao menos três barcaças foram identificadas em um estaleiro na província de Guangdong. As embarcações, segundo fontes citadas pelo site Naval News, possuem pontes móveis de 120 metros que podem facilitar o transporte de veículos pesados diretamente para as estradas costeiras, contornando defesas naturais. Embora a quantidade atual de barcaças — cinco ou seis, de acordo com analistas — seja insuficiente para uma invasão em larga escala, especialistas apontam que elas oferecem maior flexibilidade tática ao Exército de Libertação Popular. “Essas barcaças podem ter usos não militares, mas sua capacidade de implantação sobre praias pode neutralizar estratégias defensivas de Taiwan”, avaliou Raymond Kuo, do think tank RAND Corp. A topografia de Taiwan representa um desafio considerável para uma invasão. Segundo Ian Easton, professor do U.S. Naval War College, o estreito de Taiwan possui condições climáticas favoráveis por apenas dois meses ao ano, e as praias utilizáveis são limitadas. Para o ex-almirante James Stavridis, que se manifestou na rede X, antigo Twitter, as movimentações lembram as estratégias do Dia D. Já o ex-oficial de inteligência John Culver apontou que os avanços chineses podem indicar novos desenvolvimentos militares nos próximos dois anos. Mesmo com esses avanços, o Pentágono avalia que a China ainda não está pronta para uma invasão bem-sucedida. “Eles estão tentando alcançar esse objetivo, mas não está claro se estão mais perto do que há alguns anos”, disse Ely Ratner, secretário assistente de Defesa para Assuntos de Segurança do Indo-Pacífico. Enquanto isso, Taiwan continua se preparando. O país tem reforçado seus estoques de armamentos, incluindo sistemas de defesa adquiridos dos Estados Unidos e produzidos localmente. Contudo, enfrenta atrasos na entrega de aproximadamente US$ 20 bilhões em vendas de armas já aprovadas pelo Congresso norte-americano. Por que isso importa?Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês. Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa. Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos. A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“. O ápice da crise aconteceu em outubro de 2024, quando a China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha. O treinamento mostrou que Beijing tem condições de impor um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Trata-se de uma hipótese que vem sendo levantada há tempos por analistas, pois permitira à China sufocar Taiwan sem necessariamente iniciar uma guerra. Se colocada em prática, a medida aceleraria o consumo de materiais essenciais e levaria Taiwan ao colapso, jogando para os aliados ocidentais a decisão de abrir fogo ou não. Apesar das alternativas apresentadas nas recentes manobras militares, uma invasão militar segue no radar chinês. “Estamos dispostos a lutar pela perspectiva de reunificação pacífica com a máxima sinceridade e empenho”, disse Chen Binhua, porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan na China, citado pela agência Reuters. “Mas nunca nos comprometeremos a renunciar ao uso da força”, adicionou. | A A |
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A A | A participação de tropas norte-coreanas no conflito entre Rússia e Ucrânia tem gerado preocupações sobre o destino desse contingente militar. Um think tank sediado em Washington alertou que, caso a alta taxa de baixas enfrentada pelos soldados norte-coreanos persista, todos os 12 mil militares enviados à região de Kursk podem ser mortos ou feridos em até três meses. As informações são da rede Radio Free Asia. Desde que iniciaram combates intensos em dezembro de 2024, os soldados norte-coreanos têm sofrido cerca de 92 baixas diárias, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, da sigla em inglês). O relatório do think tank, baseado em dados da Ucrânia, Coreia do Sul e fontes russas, aponta que essas tropas correm o risco de serem eliminadas ou incapacitas até meados de abril de 2025. A Ucrânia relatou em 4 de janeiro que 3.800 soldados norte-coreanos já haviam sido atingidos, muitos se tornando alvos fáceis para drones ucranianos devido à falta de preparo para a guerra moderna. Seul, por sua vez, estimou que mais de 300 militares foram mortos e cerca de 2.700 feridos até 13 de janeiro. Hwang Joon-kook, representante sul-coreano na ONU, acusou o regime de Pyongyang de tratar seus soldados como “descartáveis”, expondo-os a táticas desumanas que contribuem para as altas baixas. Fontes ucranianas também denunciaram que soldados norte-coreanos estão sendo usados como “detectores de minas humanos”. Erros de coordenaçãoO almirante Rob Bauer, chefe do comitê militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), classificou como “erro estratégico” a colaboração entre russos e norte-coreanos. Segundo ele, as tropas norte-coreanas sofrem com a barreira linguística e a falta de coordenação eficaz, sendo empregadas em posições desfavoráveis. “Sabemos que há cerca de 11 mil soldados norte-coreanos em Kursk, muitos já feridos ou mortos. Eles estão sendo usados de forma ineficaz, e isso demonstra como o regime norte-coreano trata seus militares como peças descartáveis”, afirmou Bauer em coletiva de imprensa. A presença norte-coreana no conflito também representa uma reconfiguração geopolítica significativa. “É impressionante ver o país mais isolado do mundo se tornar um jogador ativo na Europa, conectando o Indo-Pacífico ao teatro europeu de guerra”, acrescentou o almirante. Ameaça de escalada militarO presidente ucraniano Volodymyr Zelensky alertou que a Coreia do Norte pode enviar até meio milhão de soldados para reforçar o esforço de guerra russo. Apesar de possuir um exército com 1,2 milhão de efetivos, a Coreia do Norte é conhecida por usar suas tropas em projetos de infraestrutura, e não em combates diretos. Com pouca experiência em guerras modernas e um histórico de táticas antiquadas, os soldados norte-coreanos enfrentam desafios que podem transformar sua presença no conflito em uma tragédia humanitária e militar. | A A |
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A A | A Rússia tem acelerado seus esforços de rearmamento mais rapidamente do que o previsto, segundo Christian Freuding, general de divisão da Alemanha e responsável pelo grupo de trabalho militar do país em apoio à Ucrânia. As declarações foram publicadas pelo jornal The Telegraph, “As Forças Armadas russas não são apenas capazes de compensar suas enormes perdas de pessoal e material. Elas estão se rearmando com sucesso”, afirmou o militar, acrescentando que “a produção está crescendo, os estoques nos depósitos estão aumentando”. Sob a liderança de Vladimir Putin, a economia russa foi redirecionada para sustentar o esforço de guerra e ainda tem recebido apoio externo significativo, com fornecimentos adicionais provenientes do Irã e da Coreia do Norte. Esses recursos têm contribuído para o reabastecimento de tanques, mísseis e drones russos, reforçando a capacidade militar do Kremlin. Embora o general tenha afirmado que não há indícios claros de um plano imediato de Putin para atacar a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ele alertou que o presidente russo está criando as condições necessárias para isso. A avaliação reforça as preocupações com o aumento das tensões entre Rússia e os países ocidentais. Avanços russos na guerraEnquanto isso, na Ucrânia, as forças russas têm intensificado os combates em torno de Pokrovsk, na região de Donetsk. O local, que abriga uma importante mina de carvão metalúrgico, é estratégico para a indústria siderúrgica ucraniana e para a logística militar do país. De acordo com fontes citadas pela agência Reuters, as atividades da mina foram interrompidas e os trabalhadores evacuados devido à proximidade das tropas russas. A captura de Velyka Novosilka, na mesma região, também foi relatada como um avanço simbólico, demonstrando a progressão das forças russas desde meados de 2024. Além disso, analistas indicam que o controle de territórios estratégicos pode fortalecer a posição russa em futuras negociações. No cenário político internacional, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs a busca por um acordo de paz para encerrar o conflito. Contudo, conselheiros de Volodymyr Zelensky consideram que tal iniciativa seria “um erro catastrófico”, especialmente diante da resistência ucraniana e do aumento do apoio popular a uma solução negociada. Rússia e Otan: guerra nuclear?Se Freuding vê um conflito ainda distante, o ex-presidente russo Dmitry Medvedev afirmou no domingo (19) que uma guerra nuclear entre Rússia e Otan quase foi iniciada sob o governo de Joe Biden nos EUA. Em publicação no Telegram, o aliado de Putin acusou o presidente norte-americano de perder o controle da situação ao transformar um conflito regional em uma guerra entre o Ocidente e a Rússia. “O velho praticamente desencadeou uma guerra entre o Ocidente coletivo e a Rússia, que quase levou a uma troca nuclear com a Otan”, escreveu Medvedev, conforme relato da revista Newsweek. Medvedev, que atualmente é vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, também criticou a postura econômica e política de Biden, classificando-a como desastrosa. “Embora seja verdade que esta guerra beneficie os EUA economicamente, os custos políticos e o perigo real de um conflito fatal são muito mais importantes. É algo para o qual o velho não estava preparado”, declarou. O ex-líder ainda atribuiu ao presidente americano uma “derrota esmagadora” dos democratas nas urnas. | A A |
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A A | Três soldados norte-coreanos mataram cinco militares russos na região de Kursk, na Rússia, desencadeando uma caça aos suspeitos descritos como “armados e perigosos”. O incidente foi relatado por um canal de Telegram especializado em informações militares, destacando o clima de tensão entre tropas aliadas. As informações são da rede Radio Free Asia. A presença de soldados norte-coreanos em apoio às forças russas na guerra contra a Ucrânia é estimada em 12 mil combatentes, segundo fontes dos Estados Unidos e da Ucrânia. No entanto, tanto Moscou quanto Pyongyang mantêm silêncio oficial sobre o envio dessas tropas. De acordo com informações divulgadas pelo canal Spy Dossier, que monitora conteúdo militar, o ataque ocorreu no dia 13 de janeiro de 2025, próximo à vila de Bolshoye Soldatskoye, na região de Kursk. Três soldados da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) teriam assassinado cinco militares da 810ª Brigada de Fuzileiros Navais da Rússia, uma unidade baseada em Sevastopol e que participa de intensos combates na região. O cartaz de procurado compartilhado pelo canal descreve os suspeitos como “armados e perigosos”, alertando os moradores locais para que evitem qualquer confronto e informem as autoridades sobre qualquer avistamento. Problemas de comunicação no frontNão há informações claras sobre a motivação do ataque, mas especialistas e blogueiros militares sugerem que pode ter havido um caso de “fogo amigo” devido à barreira linguística entre as tropas russas e norte-coreanas. Em dezembro, a Inteligência de Defesa da Ucrânia (DIU, da sigla em inglês) destacou que essa dificuldade de comunicação tem gerado erros graves no campo de batalha. Um exemplo citado pela DIU foi o caso em que soldados norte-coreanos abriram fogo contra veículos do batalhão checheno Akhmat, resultando na morte de oito combatentes conhecidos como kadyrovitas. Tropas russas capturadas pela Ucrânia confirmaram que as unidades norte-coreanas são mantidas separadas das russas para evitar tais incidentes. Condições precárias e descontentamentoAlém dos problemas de coordenação, as tropas norte-coreanas enfrentam dificuldades relacionadas à falta de suprimentos. Em dezembro, a DIU relatou que combatentes norte-coreanos na região de Kursk estavam insatisfeitos com as rações insuficientes. Para lidar com a situação, autoridades russas enviaram o Major General Mevlyutov, do Distrito Militar de Leningrado, que ordenou a redistribuição de rações de outras unidades russas para os norte-coreanos. Relatos ucranianos indicam que soldados norte-coreanos mortos em combate carregavam equipamentos precários, incluindo granadas de baixa qualidade e kits médicos inadequados, além de não possuírem comida militar em suas bagagens. O aumento das baixas entre as tropas norte-coreanas em Kursk e o incidente envolvendo os soldados fugitivos ressaltam os desafios operacionais enfrentados pela coligação militar liderada pela Rússia. A situação também lança luz sobre as dificuldades logísticas e o impacto das barreiras culturais e linguísticas no campo de batalha. Enquanto a caça pelos soldados norte-coreanos continua, as tensões entre as tropas aliadas permanecem em foco, trazendo novas preocupações sobre a eficácia da colaboração militar entre Moscou e Pyongyang. | A A |
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