OPINIÃO
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FOGO CRUZADO |
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AGÊNCIA PÚBLICA |
Portal Membro desde 25/08/2017 Segmento: Notícias Premiações: |
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Radicalmente moderado Olá, enquanto Trump vai à guerra e o centrão incomoda no Congresso, Lula renova os votos de paz e amor.
.Tá ruim, mas tá bom. A última pesquisa DataFolha mostra que a sangria do governo pode ter chegado ao fim. O número de eleitores que consideram o governo ótimo ou bom passou de 24% para 29% em relação a fevereiro, e os que consideram ruim ou péssimo passaram de 41% para 38%. Não dá pra dizer que é um desempenho bom, mas aponta uma reversão na tendência de queda na popularidade dos últimos meses. Na avaliação de Aldo Fornazieri, três fatores explicam o resultado. Em primeiro lugar, o susto das pesquisas fez Lula e seus ministros se mexerem e mostrarem serviço. Contribuiu também o impacto do indiciamento de Bolsonaro e a consequente desmoralização da oposição. Resultado disso é a dificuldade de Tarcísio de Freitas apresentar-se como uma candidatura viável para 2026. E no cenário externo, o perfil insano de Trump e sua guerra tarifária talvez tenha feito uma parcela dos eleitores reconsiderarem as vantagens de um presidente moderado e racional, além das oportunidades que se abrem para o Brasil se afastar dos Estados Unidos e se aproximar da China e da Europa. Mesmo com o respiro nas pesquisas, o jogo não está ganho. O principal problema é que a médio e longo prazo as notícias não são boas. A inflação dos alimentos tem sido resiliente, afetando a segurança alimentar da maioria da população. Assim como, nos cálculos Unctad, o PIB do Brasil deve ser impactado pela crise mundial este ano, com um crescimento módico de 2,2%, bem inferior aos 3,4% estimados para o ano passado. E, mesmo que a ampliação das isenções no Imposto de Renda saia do papel, o desmonte dos direitos trabalhistas, agora com uma pejotização generalizada liderada pelo STF, só promete trazer mais precariedade para um cenário já desastroso.
.Tem, mas acabou. A apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2026 traz uma triste constatação: o Estado brasileiro existe, mas não por muito tempo. O PLDO prevê que o país terá um microscópico crescimento do PIB de 0,25% e alcançará um superávit primário de R$ 38,2 bilhões em 2026. Na verdade, a meta do arcabouço seria um superávit de R$ 34,3 bilhões, mas o governo prevê que entregará mais do que foi pedido, confiando que vai aumentar a arrecadação, contando obviamente com a aprovação da taxação dos super ricos. Para 2027, a situação muda, porque aí entram na conta os precatórios que, até o próximo ano, não serão contabilizados no ajuste fiscal. O pior é que a previsão do governo é de superávits crescentes: R$ 73,4 bilhões (0,5% do PIB) em 2027, R$ 157,3 bilhões (1% do PIB) em 2028 e , em 2029, R$ 210,7 bilhões (1,25% do PIB). Já as despesas obrigatórias (pessoal, encargos sociais e previdência) devem cair gradualmente de 17,4% do PIB em 2026 para 16,8% em 2029. E o pagamento da dívida interna só cairia do patamar de 80% do PIB lá por 2035. Mesmo com um Estado mínimissímo e que garante o serviço da dívida, juros altos e o sacrossanto arcabouço fiscal, nem assim o mercado financeiro descansa. Bastou o governo protocolar o PLDO para a Faria Lima, através da mídia, chiar que o governo não vai cumprir a meta e que deveria fazer ainda mais cortes nos investimentos. O alvo do mercado financeiro é o combalido salário mínimo - que em 2026 deve ser de R$1.630 - como expressou sem constrangimentos o ex-presidente do BC, Armínio Fraga, que propôs um congelamento salarial de 6 anos para os trabalhadores. .História sem fim. Apesar da falta de apoio popular, a anistia dos golpistas seguirá em pauta na conjuntura política por algum tempo. Afinal, se a longo prazo é a esperança de alguma jurisprudência que possa salvar Jair Bolsonaro, a curto prazo é o tema que a extrema-direita encontrou para ocupar a agenda política, tomando o lugar de debate de projetos do interesses do governo, como a PEC da segurança ou a isenção do Imposto de Renda. E, nisso, estão sendo bem sucedidos. Graças à sagacidade do líder do PL, Sóstenes Cavalcanti, que não apenas conseguiu protocolar o pedido de urgência na votação com mais assinaturas do que o necessário, como provocou fissuras na base governista, já que mais da metade dos assinantes são de partidos com cargos na Esplanada dos Ministérios. Se até aqui o governo não havia testado sua base sob a gestão de Hugo Motta, agora sabe que nada mudou em comparação aos tempos do toma-lá-da-cá de Arthur Lira. Mais do que uma traição, a adesão ao projeto também é uma forma do Congresso, ainda magoado pela disputa das emendas, bater no STF. Depois de perder tempo sem entrar em campo para retirar as assinaturas dos aliados, o Planalto levou uma bronca do STF e recebeu o recado de Hugo Motta de que não vai ficar sozinho com esta bomba na mão. Correndo atrás do prejuízo, o governo agora trabalha com um mapa de cargos na mão para que deputados da base que assinaram votem contra a urgência em plenário ou ainda que subscrevam outro ofício pedindo a retirada da urgência. Em caso de outra derrota, o Planalto e Hugo Motta já admitem a aprovação do projeto de anistia desde que exclua Bolsonaro e os generais que comandaram o golpe. Tanto essa proposta quanto a revisão das penas é duramente rechaçada pelo STF. Sobraria ainda, com uma derrota na Câmara, tentar enterrar o projeto no Senado. | A A |
BRASIL DE FATO |
Portal Membro desde 21/08/2017 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2024 |
A A | Você sabe com quem está falando? O mercado e o centrão usam o velho carteiraço para desafiar o governo. .O último acampamento bolsonarista. No início do terceiro mandato, o Planalto nutriu uma ilusão de que seduziria novamente a Faria Lima com uma proposta de crescimento econômico baseado no ganha-ganha para bancos, indústrias e trabalhadores. Não funcionou, porque na prática, o mercado financeiro que Lula III encontrou é mais ideologizado, mais ganancioso e irredutível. Como se viu nesta semana em que, mesmo com os esforços para votar o pacote de ajustes, o rentismo decidiu punir o governo com uma disparada especulativa do dólar. Mas por quê? Afinal, como demonstra Miriam Leitão, a situação fiscal não é exatamente crítica, as previsões da dívida pública e do déficit primário são menores do que o mercado previa e o PIB maior que as expectativas. A meta da inflação estourou, é verdade. Como estourou em três dos seis anos de mandato de Campos Neto. O problema é que o mercado financeiro acha insuficiente o corte de gastos, não concorda com a isenção do Imposto de Renda e não quer nem ouvir falar em taxação de super-ricos no próximo ano. E não admitem que o governo tomou estas decisões sem consultá-los. Para isso, a Faria Lima usou desde a ferramenta recorrente da extrema-direita, as fake news, ao sofisticado cartel do mercado combinado com um terrorismo fiscal do fiel Campos Neto. Enquanto o refém não ampliar a tesoura dos investimentos sociais, o sequestrador não vai sossegar. Existe saída? Para Eduardo Moreira, passa por acabar com o arcabouço fiscal que empoderou a chantagem da Faria Lima, assim como o regime de meta inflacionária, como sugere Luís Nassif. São medidas para longo prazo e que poderiam começar por reassumir a presidência do Banco Central. Mas, se depender da afinação de Galípolo com Campos Neto, o pesadelo continua em 2025. .Novo Cangaço. Essa é a tática do mercado e do centrão para extorquir o governo e saquear o país. O mercado, especulando abertamente com o dólar para exigir corte de gastos, e Arthur Lira, especulando com as votações no Congresso para manter o controle sobre as emendas. Esse foi o custo para que o governo não acabasse o ano em clima de paralisia e fracasso. O problema é que 2024 chega ao fim em sentimento de nostalgia quanto ao sonho de tempos melhores. É verdade que o Lula fez mais que os antecessores, mas a perspectiva de começar a mostrar resultados ficou para trás. Principalmente porque as pautas do governo foram abafadas pelas do mercado e do Congresso. A pobreza diminuiu, mas e daí? O tema não dá manchetes. Por ora, a batalha contra os juros altos parece vencida. Mas o arroz com feijão da política foi entregue: reforma tributária, OK; corte de gastos, OK; Lei de Diretrizes Orçamentárias, OK. Lula evitou uma crise de paralisia. Mas caiu numa crise de identidade. Afinal, mesmo onde teve sucesso, como na reforma tributária, o saldo é controverso, a exemplo de medidas como a redução da tributação sobre armamentos e agrotóxicos. Além disso, quem ficou com os méritos de bom articulador foi Arthur Lira. Mais do que isso, o cacique alagoano conseguiu arrastar o governo para seu próprio esquema e, agora, é o Executivo quem joga ao lado do centrão contra o STF, defendendo o sigilo das emendas. E quem paga a conta é o próprio governo - só a aprovação de uma das medidas de ajuste fiscal esta semana custou R$ 7,7 bilhões aos cofres públicos. O problema é que o mercado e o centrão já farejaram que o governo é fraco e a sangria não vai parar por aqui. O sinal veio com mais uma onda de especulação, dessa vez sobre uma suposta reforma ministerial, que é a nova profecia que deve se realizar: tirar ministérios do PT para acomodar o centrão, inclusive a bancada evangélica.
.O golpista do ano. Apesar da forte concorrência, o prêmio vai para o general Braga Neto, já que ele protagonizou o feito inédito de ser o primeiro quatro estrelas da história preso num país marcado pela impunidade da elite verde-oliva. As investigações da Polícia Federal apontam que o ex-candidato à vice-presidência seria o intermediário do financiamento do golpe, levando dinheiro vivo doado pelo agronegócio ao major Rafael de Oliveira, que posteriormente usou parte dos recursos para comprar celulares utilizados pelos conspiradores. Mas não foi só isso. O que precipitou sua prisão foi a tentativa de influenciar os depoimentos do delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Agora, o destino do general é incerto. Mas levando em conta o tratamento vip que ele tem recebido na prisão administrada por seus próprios companheiros de farda na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ele não tem muito com o que se preocupar. Mais importante são as repercussões para outros personagens e para as forças armadas em geral. Como nem o procurador-geral da República, Paulo Gonet, nem o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, tirarão férias em janeiro, a expectativa é que novas prisões sejam realizadas, e alguns possíveis alvos são o “cara do agro” que intermediava a participação do setor na trama golpista, o gen. Heleno e o próprio Bolsonaro, sem contar a possibilidade de cassação do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Nada disso, porém, intimida o general Mourão, que aproveitou a tribuna do Senado para defender Braga Neto e mostrar-se fiel, não ao bolsonarismo, mas ao verde-olivismo golpista raiz. Outro efeito indireto da desmoralização dos militares é a releitura do alcance da Lei da Anistia de 1979 que, segundo o ministro do STF Flávio Dino, não tem validade para os casos de ocultação de cadáver caracterizados como “desaparecidos”. Por fim, a prisão até ajudou porque, depois de muito esperneio, os militares finalmente aceitaram negociar com o governo o corte de algumas regalias na área da previdência e no fundo das forças armadas que devem gerar uma contribuição de R$ 16 bilhões para o ajuste fiscal.
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BRASIL DE FATO |
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