ECONOMIA
A A |
Energia Vital: O Poder do Metabolismo para uma Saúde InfinitaGood Energy: The Surprising Connection Between Metabolism and Limitless Health, de Dr. Casey Means, explora como a função metabólica é fundamental para a saúde geral e o bem-estar. A autora argumenta que muitos problemas de saúde comuns podem ser atribuídos à forma como nossas células produzem e utilizam energia. Principais Ideias do Livro 1. Função Metabólica como Pilar da Saúde Dr. Means destaca que a função metabólica é um dos fatores mais importantes e menos compreendidos na saúde humana. Ela sugere que condições como depressão, ansiedade, infertilidade, insônia, doenças cardíacas, diabetes tipo 2, Alzheimer e câncer podem compartilhar uma causa raiz comum relacionada ao metabolismo celular. 2. Produção de Energia Celular A autora enfatiza a importância de as células produzirem “boa energia” para manter o bem-estar físico e mental. Quando as células não funcionam de maneira otimizada, podem surgir sintomas e doenças. 3. Sinais de “Má Energia” como Alertas Precoces Sintomas menores, como fadiga ou névoa mental, são vistos como sinais de “má energia” no corpo, indicando possíveis problemas metabólicos que, se não tratados, podem levar a doenças mais graves no futuro. 4. Monitoramento e Melhoria da Saúde Metabólica Dr. Means sugere que, com as tecnologias atuais, é possível monitorar detalhadamente a saúde metabólica e tomar medidas proativas para melhorá-la. Ela propõe um plano de quatro semanas que inclui: • Identificação de Biomarcadores: Reconhecer cinco biomarcadores que determinam o risco de doenças graves. • Princípios Alimentares: Implementar seis princípios alimentares que podem ser adotados por qualquer pessoa, independentemente de seguir uma dieta carnívora ou vegana. • Relação entre Sono e Metabolismo: Compreender a ligação crucial entre sono, ritmo circadiano e metabolismo. • Exercício e Movimento: Estabelecer uma rotina de exercícios que incorpore movimentos simples no dia a dia. • Exposição ao Frio e ao Calor: Utilizar a exposição ao frio e ao calor para aumentar a resiliência do corpo. • Navegação no Sistema de Saúde: Aprender a interagir com o sistema médico para obter o necessário para uma saúde ideal. Reflexões Finais Good Energy oferece uma nova compreensão sobre as causas subjacentes das doenças, enfatizando a importância da saúde metabólica. Ao combinar pesquisas de ponta com histórias pessoais, Dr. Casey Means fornece um guia prático para otimizar a produção de energia celular e alcançar uma saúde ilimitada. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Tucanos da Embraer e soja do cerrado: O Contraste entre a Exportação de Commodities e Produtos Tecnológicos no BrasilA exportação de 22 aeronaves Embraer A-29 Super Tucano, que gerará aproximadamente US$ 396 milhões em divisas em dezembro de 2024, é um exemplo emblemático da importância de produtos de alto valor agregado na pauta exportadora brasileira. Esse montante é equivalente ao valor gerado pela exportação de 1,08 milhão de toneladas de soja, que exige a utilização de aproximadamente 341 mil hectares de área plantada, além de recursos significativos em termos de irrigação, colheita, transporte e logística. A comparação ilustra a diferença estrutural entre exportar produtos de alta tecnologia, como aeronaves, e commodities agrícolas. No caso da soja, o Brasil precisa mobilizar vastas extensões de terra fértil, demandar altos volumes de insumos agrícolas e enfrentar os desafios ambientais e logísticos para escoar a produção. Por outro lado, a exportação de aeronaves envolve um setor intensivo em conhecimento e tecnologia, capaz de gerar um impacto econômico expressivo em menor escala de recursos físicos e ambientais. Essa disparidade também revela o potencial estratégico da indústria de alta tecnologia para o Brasil. Setores como o aeroespacial podem gerar mais riqueza por unidade exportada, reduzir a dependência de commodities e criar empregos qualificados. Além disso, investimentos em tecnologia incentivam a inovação, a transferência de conhecimento e o fortalecimento das cadeias produtivas locais. Por fim, essa análise reforça a necessidade de políticas públicas e privadas que diversifiquem a pauta exportadora brasileira, estimulando a produção de bens de maior valor agregado. Embora o agronegócio continue sendo fundamental para a economia nacional, um equilíbrio maior entre commodities e produtos tecnológicos é essencial para garantir sustentabilidade econômica e competitividade global no longo prazo. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Desemprego em mínima histórica no BrasilA taxa de desemprego divulgada pela PNAD Contínua do IBGE foi de 6,1%, a menor da série histórica, indicando um mercado de trabalho aquecido. A população ocupada chegou a 103,9 milhões de pessoas, enquanto a população desocupada foi estimada em 6,8 milhões. O desalento está em queda, com mais pessoas voltando a buscar emprego, e o aumento dos pedidos de demissão voluntária reforça o movimento de trabalhadores migrando para empregos melhores. O CAGED registrou a criação de 106 mil vagas formais em novembro, ligeiramente abaixo da expectativa de 125 mil, mas ainda consistente com um mercado formal em expansão. A PNAD também apontou um recorde de empregos com carteira assinada, embora mais da metade dos trabalhadores ainda estejam no mercado informal ou em empregos de baixa qualidade. O subemprego, entendido como ocupações abaixo do desejado em termos de horas e remuneração, também atingiu o menor nível desde 2015. No campo econômico, o crescimento do Brasil foi de 3,5% em 2024, mas a inflação segue como um desafio. O IPCA-15 (novembro-dezembro) registrou alta de 0,34%, abaixo dos 0,64% de novembro. Ainda assim, a média dos núcleos de inflação subiu de 3,95% para 4,08%, com a difusão de preços passando de 57% para 61,9%, refletindo aumentos mais amplos, especialmente em serviços e bens transacionáveis, pressionados pelo câmbio desvalorizado. A inflação acumulada no ano ficou em 4,71%, acima da meta de 3%, mas abaixo de patamares críticos. Para o início de 2025, é esperado um aumento significativo, com projeções de 2% acumulados entre janeiro e março, devido à sazonalidade e ao câmbio, que ultrapassou R$6,00 em 2024, acumulando desvalorização de 25% no ano. Apesar das boas notícias no mercado de trabalho e no crescimento econômico, o cenário cambial e a inflação elevada mantêm os juros longos próximos de 15%, indicando um ambiente ainda desafiador para o controle inflacionário em 2025. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Cenário para 2025: Mais Inflação e Menos Crescimento• Inflação • IPCA de 2024 projetado em 4,9% e para 2025 em 4,8% (Focus). • Meta de inflação: 3% para o segundo trimestre de 2026. • Taxa Selic • Expectativa de alta rápida, permanecendo em torno de 15% em 2025. • Impacto direto no crescimento econômico, estimado em cerca de 2% para 2025 e 2026. • Câmbio • Taxa de câmbio acima de R$6 terá consequências importantes para a trajetória de preços em reais nos próximos meses. Comparação com a Crise de 2015 • Balança comercial • 2015: Resultado próximo de zero. • 2024: Superavit robusto de US$ 80 bilhões (12 meses). • Conta petróleo tornou-se o principal produto de exportação, superando soja e minério de ferro. • Déficit em conta corrente • 2024: Quase 3% do PIB, puxado pelo déficit em serviços. • Investimento Direto Estrangeiro (IDE) • 2024: Forte, próximo de US$ 70 bilhões (12 meses). • Saída significativa de capitais pela conta financeira. • Crédito • 2024: Crescimento de 10%. • 2015: Forte contração de crédito. • Crescimento Econômico e Investimentos • 2024: Crescimento de 3,5%, importações crescendo 17% ao ano, e investimentos crescendo 10% ao ano. • 2015: Crescimento e investimentos estagnados. • Taxa de Desemprego • Semelhança: Em torno de 6% em ambos os períodos. • Inflação e Desvalorização Cambial • 2015: IPCA chegou a 10%, câmbio desvalorizou de R$ 2,40 para R$ 4,00. • 2024: Inflação menos pressionada, desvalorização cambial menos drástica. Política Fiscal e Dinâmica de Dívida • Governabilidade • 2024/2025: Relação Executivo-Congresso melhor do que em 2014, marcado por pautas-bomba. • Impulso Fiscal • 2025: Positivo, mas sem a magnitude do ajuste drástico do programa Levy (2015). • Dívida Pública • 2015: Dívida bruta em 60% do PIB. • 2024: Dívida bruta próxima de 80% do PIB. • Conta de Juros • Próximos 12 meses: R$ 1 trilhão, muito superior ao déficit primário de R$ 50 bilhões. Expectativas para 2025 • Desafios econômicos • Inflação pressionada. • Selic elevada. • Desaceleração do crédito. • Incertezas • Difícil prever a inflação e o crescimento com exatidão. • Diferenças entre previsões e resultados finais de 2024 evidenciam os erros frequentes em projeções econômicas. • Conclusão • Sem perspectiva de crise de grandes proporções, mas 2025 será um ano mais desafiador. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Por que no Brasil engenheiros dirigem Uber?Um fenômeno que precisa ser discutido (e sem preconceitos)Olá! Você conhece alguém formado em engenharia que está dirigindo para apps de transporte? Esta cena se tornou tão comum que virou até piada nas redes sociais. Mas por trás do humor, existe uma triste realidade que afeta milhares de profissionais qualificados no Brasil. Enquanto famílias investem fortunas na educação dos filhos, sonhando com um futuro promissor, muitos engenheiros acabam descobrindo uma verdade dolorosa: diplomas prestigiados não garantem empregos bem remunerados no Brasil. O problema é tão sério que está causando uma verdadeira fuga de cérebros do país. Vamos entender por que tantos engenheiros brasileiros estão trocando pranchetas por volantes. O Sonho da Engenharia vs. Realidade BrasileiraA história é sempre a mesma: jovens passam anos estudando cálculo, física e projetos, sonhando em construir pontes, desenvolver tecnologias ou criar inovações. Mas quando se formam, descobrem que o mercado brasileiro tem pouquíssimas vagas para engenheiros que paguem salários compatíveis com sua qualificação. A Cruel Matemática do Mercado BrasileiroO problema é estrutural e mais complexo do que parece:
Transformando o Jogo: O Que Precisamos MudarO velho ditado "Quem sabe faz, quem não sabe ensina" precisa ser substituído por "Quem tem indústria avançada contrata, quem não tem exporta talentos". A solução passa por:
Enquanto o Brasil não criar um ambiente propício para empresas tecnologicamente avançadas, continuaremos vendo nossos engenheiros buscando alternativas - seja no volante de um Uber ou em um voo só de ida para o exterior. A escolha não é do engenheiro: é do país que não consegue aproveitar seus talentos. Abraços, Paulo Gala | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
O Desenvolvimento das Telas de Radar nos EUA e sua Conexão com os Computadores Pessoais PCs e MACsO desenvolvimento das telas de radar nos EUA foi um marco tecnológico do século XX, impulsionado por investimentos massivos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) financiados pelo governo durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria. Essas inovações, inicialmente voltadas para aplicações militares, transbordaram para o setor civil e moldaram a indústria de computadores pessoais (PCs e Macs) nos anos 1980. 1. O Início: Segunda Guerra Mundial e Telas de RadarRadar e a Necessidade de Telas Visuais
Principais Instituições e Projetos
Impacto Militar
2. O Transbordamento para Computadores Militares e CientíficosGuerra Fria e Avanços Tecnológicos
A Transição para Computadores Científicos
3. O Papel dos Investimentos Públicos no Desenvolvimento TecnológicoARPANET e Interface de Computadores
Xerox PARC e Interfaces Gráficas
4. A Chegada ao Mercado de Computadores Pessoais (Anos 1980)Apple e o Macintosh
IBM e o PC
5. Empresas e Indústrias Impactadas
6. Legado e Impacto nos Anos 1980
ConclusãoO desenvolvimento das telas de radar nos EUA é um exemplo emblemático de como investimentos públicos em tecnologia militar podem transbordar para a sociedade, moldando indústrias inteiras. Da Segunda Guerra Mundial aos computadores pessoais dos anos 1980, a trajetória dessa tecnologia demonstra o impacto de projetos governamentais no avanço tecnológico e econômico global.
Projeto SAGE (Semi-Automatic Ground Environment): A Revolução na Defesa AéreaO SAGE (Semi-Automatic Ground Environment) foi um sistema revolucionário de defesa aérea desenvolvido pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria. Concebido no final da década de 1940 e implementado nos anos 1950, o SAGE foi projetado para detectar, rastrear e interceptar aeronaves inimigas, especialmente bombardeiros soviéticos, em uma era de tensões nucleares crescentes. Ele representa um marco na história da computação, sendo um dos primeiros sistemas a integrar computadores digitais para processamento de dados em tempo real. 1. Contexto Histórico
2. Objetivos do Projeto
3. DesenvolvimentoInstituições Envolvidas
Tecnologia Inovadora
Custo e Escala
4. Funcionamento
5. Contribuições para a Computação
6. Impacto Militar e Tecnológico
7. Declínio
8. Legado
ConclusãoO SAGE foi muito mais do que um sistema de defesa aérea; ele foi um divisor de águas na história da tecnologia. Apesar de sua vida útil limitada, seu impacto ressoa até hoje, desde o controle de tráfego aéreo até as bases da computação em rede. Foi um símbolo de como grandes desafios podem impulsionar inovações transformadoras. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Viagem ao coração do capitalismo financeiroNo núcleo de um sistema que criou múltiplas formas de extrair a riqueza coletiva, há dois grupos de corporações: as Big Techs e as gestoras de ativos. Como elas atuam em conjunto e por que isso é social e politicamente devastador? Por Panos Tsoukalis, em Sin Permiso | Tradução: Eleutério Prado1 O capitalismo mudou de tal forma que o rótulo “neoliberalismo” se tornou obsoleto. A crescente proeminência econômica e política das grandes empresas de tecnologia e de gestão de ativos transformou o capitalismo contemporâneo de várias maneiras. O mais importante é que ela trouxe a predominância da renda sobre o lucro, da apropriação sobre a produção. Isso afetou a lógica fundamental da compreensão econômico-política da realidade social em curso, pondo em questão assim a própria sobrevivência do capitalismo. O neoliberalismo está aí desde a década de 1980. Desde então, o capitalismo passou por múltiplas crises e transformações. Mais recentemente, ele suportou uma crise financeira global e uma pandemia que paralisou as cadeias de suprimentos e o comércio, trancou as pessoas em suas casas e devolveu o Estado à vanguarda da política econômica. Há muitas maneiras de entender o termo neoliberalismo. Utilizo o conceito principalmente para me referir a duas coisas: em primeiro lugar, para apontar para uma era na história do capitalismo, que começa com as eleições de Margaret Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos; em segundo lugar, para fazer referência à predominância de um pacote de políticas econômicas que inclui a liberalização do comércio internacional, a privatização dos serviços públicos e a flexibilização dos mercados de trabalho. Uma característica fundamental do neoliberalismo é que ele alimentou um processo que muitos chamam de “financeirização”, ou seja, o crescente domínio do setor financeiro sobre o sistema econômico. Alguns estudiosos parecem estar agora, cada vez mais, insinuando que o termo neoliberalismo se tornou inadequado. O capitalismo mudou muito desde a década de 1980 e isso parece exigir uma conceituação diferente, que visa compreender a sua configuração contemporânea. Ele tem sido diagnosticado de várias formas: “capitalismo de vigilância” (Zubboff, 2019), “capitalismo rentista” (Christophers, 2020), “capitalismo de plataforma” (Srnicek, 2017), “capitalismo de gestão de ativos” (Braun, 2022), “capitalismo canibal” (Fraser, 2022), ou “capitalismo de precariedade” (Azmanova, 2020). Ao fazê-lo, também se aponta para diferentes previsões sobre a possibilidade de transformação social progressiva. Varoufakis (2023) e Decano (2020) chegam ao ponto de sugerir que se deve perguntar se ainda é possível falar de capitalismo. Se o neoliberalismo foi superado, como se deve entender a forma de capitalismo em que habitamos agora? Neste artigo, argumento que qualquer resposta à pergunta sobre o que vem depois do neoliberalismo deve levar em conta a ascensão das grandes empresas de tecnologia e de gestão de ativos e, assim, o seu crescente controle sobre nossas vidas. Vou me basear em duas conceituações que enfocam essas transformações do capitalismo contemporâneo, a saber, a de Yanis Varoufakis, que usa o termo “tecnofeudalismo”, e a de Benjamin Braun, que emprega a expressão “capitalismo de gestão de ativos”. De fato, uma chave para entender a mais recente transformação do capitalismo contemporâneo pode ser encontrada na exploração dos vínculos entre o que Varoufakis chama de “capital-nuvem” (cloud capital) e as empresas gestoras de ativos, as quais, como argumenta Braun, se tornaram onipresentes. Fazendo um pequeno desvio pela história do pensamento econômico, argumentarei que ambos esses fenômenos sugerem o mesmo, ou seja, que ocorreu já um triunfo da apropriação sobre a produção e, em consequência, da renda sobre o lucro. Sendo assim, as dúvidas sobre a sobrevivência do capitalismo parecem realmente justificadas. TecnofeudalismoEm Tecnofeudalismo: o que matou o capitalismo (2023), Varoufakis argumenta que o uso da inteligência artificial e das redes digitais e algorítmicas transformou a natureza e o poder de certos bolsões de capital. Ou seja, surgiu uma nova forma de capital – a qual ele chama de “capital-nuvem” – que tem o poder de subjugar a produção capitalista às suas próprias necessidades e lógica. A produção ainda é capitalista, no sentido de que se baseia nos meios de produção privados e na exploração do trabalho assalariado, mas ela está integrada agora por meio de uma estrutura tecnofeudal (voltarei a essa questão na última seção). Enquanto o capital tradicional (ou “capital terrestre”, como o chama Varoufakis) só pode explorar trabalhadores, o capital-nuvem também pode explorar os consumidores, bem como outros capitalistas que não possuem capital-nuvem. Isso adiciona uma camada adicional não apenas à hierarquia de estratificação econômica do capitalismo, mas também à hierarquia social de poder e controle. Como afirma Varoufakis, os consumidores são explorados porque seu tempo de lazer está sendo explorado pelas “big techs” para obter lucro. O tempo de lazer gasto pesquisando no Google, interagindo com Alexa, postando no Instagram ou navegando pelo TikTok foi instrumentalizado para acumulação de capital na nuvem. Contudo, os consumidores não obtêm nenhum valor extra desse seu “trabalho”. Uma grande parte dos dados pessoais que compartilhamos em todas essas plataformas acaba formando o que Shoshana Zuboff (2019) chama de “excedente comportamental” (ou seja, o excedente de dados sobre o comportamento do consumidor acumulados acima do necessário para melhorar a experiência do consumidor). Esse excedente é vendido aos anunciantes na esperança de não apenas prever, mas também afetar nosso comportamento futuro. Varoufakis ressalta que toda vez que interagimos com um servidor digital, como o Alexa, treinamos seu algoritmo para que ele reconheça os nossos hábitos e preferências e possa nos oferecer “boas” recomendações. Mas no final chega um momento, depois de uma inevitável geração de confiança, em que a Alexa começa a explorar o nosso perfil de consumidor para mudar os nossos hábitos e preferências, promovendo produtos que de outra forma não compraríamos. Nesse ponto, não está mais claro quem treina quem, quem é o mestre e quem é o servo. Em suma, a produção de capital na nuvem depende não apenas do trabalho assalariado (de pessoas diretamente empregadas por empresas como Google ou X), mas também do trabalho não remunerado dos consumidores. Consequentemente, enquanto empresas capitalistas tradicionais como General Motors e General Electric gastam cerca de 80% de sua receita em salários, as grandes empresas de tecnologia acabam gastando apenas cerca de 1%. Esse modo de produzir que recorre ao trabalho não assalariado é aquele que fornece uma semelhança com a ordem feudal. O capital-nuvem também tem a capacidade de explorar outros capitalistas que não o possuem, substituindo mercados por feudos formados pela própria nuvem. Varoufakis argumenta que plataformas de comércio eletrônico como a Amazon não se constituem propriamente como mercados. Para ele, os mercados são instituições públicas que hospedam interações espontâneas e descentralizadas entre consumidores e produtores. Em vez disso, os feudos-nuvem isolam o comprador do comprador, o vendedor do vendedor, de modo que apenas o algoritmo tem o poder de conectá-los. Entrar na Amazon é como entrar em uma cidade onde tudo pertence e é controlado por uma única pessoa, ou seja, por Jeff Bezos. Ao contrário da natureza pública e aberta dos mercados, isso descreve um arranjo institucional privatizado por meio de um processo de centralização. Isso permite que os proprietários do capital-nuvem exijam comissões excessivas (até 40% no caso da Amazon) de outros capitalistas para que eles possam acessar o feudo tecnológico, pagando o que Varoufakis chama de “aluguéis da nuvem”. Quanto ao efeito do capital-nuvem sobre os trabalhadores, Varoufakis mostra que sua capacidade de supervisão e controle total leva a uma exploração ainda maior do trabalhador, mais até do que aquela que o capitalista tradicional poderia fazer. Isso se mostra bem nos armazéns da Amazon, onde a tecnologia portátil e os algoritmos trabalham incansavelmente para otimizar os processos de embalagem e, assim, para espremer os trabalhadores do armazém ao ponto de levá-los ao colapso. Em vez de responder a um chefe, os trabalhadores respondem a um algoritmo que rastreia todos os seus movimentos. Como resultado, não apenas eles são forçados a trabalhar mais, mas sua capacidade de ação coletiva para salvaguardar as condições mínimas de trabalho (como o direito de ir ao banheiro) é significativamente diminuída. No contexto do neoliberalismo, isso implica numa grande perda de poder por parte dos trabalhadores, e esse padrão tem ficado muito evidente nas últimas décadas. Desde a década de 1980, os ganhos de produtividade beneficiaram quase exclusivamente os empregadores nos EUA, enquanto os trabalhadores viram seus salários reais estagnarem, se não diminuírem. Veja-se o gráfico abaixo produzido pelo Economic Policy Institute, em 2024. Ele mostra a crescente diferença entre a produtividade dos trabalhadores e a remuneração salarial nos EUA (1984-2024). Nancy Fraser (2022) chama esse fenômeno de ascensão do “trabalhador híbrido”, um trabalhador que é ao mesmo tempo explorado e expropriado. Seguindo Marx, Fraser entende que a exploração capitalista ocorre porque o empregador paga um salário que cobre apenas os custos necessários de reprodução do trabalhador, mas fica com a maior parte do valor gerado, na forma de mais-valor (na forma do lucro). No entanto, afirma Fraser (2022), a expansão da dívida permitiu que os empregadores pagassem ainda menos aos trabalhadores. Ou seja, muitos trabalhadores sob o neoliberalismo recebiam menos do que precisavam para sobreviver como trabalhadores ativos, o que os levava a se endividarem cada vez mais. Assim, além de explorado, ele passou a ser também expropriado. A isso, Varoufakis (2023) acrescenta que a chegada do capital-nuvem piora ainda mais as coisas devido à sua maior capacidade de vigilância e controle que, juntamente com o endividamento, torna o trabalho dos trabalhadores ainda mais expropriáveis. Varoufakis afirma que a chegada do capital-nuvem implica a impossibilidade da social-democracia, pelo menos tal como foi concebida no final do século XX. Pois, não se sabe bem como é possível regular as plataformas das “big techs”. A regulamentação de preços é impossível, pois elas oferecem seus produtos gratuitamente; por outro lado, a regulamentação antitruste é difícil de aplicar, já que a lógica das plataformas consiste em sua capacidade de realizar economias de escala. Seja uma plataforma de aluguel de apartamentos ou uma plataforma de aluguel de táxi, o principal produto que uma plataforma oferece a compradores e vendedores é o acesso a uma ampla rede de compradores e vendedores. Na maioria dos casos, uma plataforma pequena oferece sempre um produto ruim. Além disso, sob o capitalismo de vigilância, os trabalhadores são monitorados de perto para impedir sua ação coletiva; ademais, enquanto consumidores, eles ficam fisicamente isolados, o que dificulta a organização de boicotes. Ainda assim, o recente sucesso do sindicato dos trabalhadores da Amazon nos EUA e os boicotes dos consumidores à Starbucks, Pizza Hut e McDonald’s mostram que nem toda esperança foi perdida. De fato, Varoufakis argumenta que essas barreiras podem ser superadas por uma grande coalizão de trabalhadores, consumidores e pequenos capitalistas que não possuem capital-nuvem (por exemplo, o restaurante ou o bar de bairro, cujos lucros são reduzidos por taxas exorbitantes cobradas pelo Uber Eats). Tudo isso mostra que é preciso pensar além das estratégias tradicionais da política progressista; ele sugere que é preciso gerar um engajamento que chama de “mobilização em nuvem” – isto é, seria necessário usar os recursos da nuvem contra o próprio capital-nuvem. Capitalismo de gestão de ativosEnquanto a análise da ordem social atual como “tecnofeudal” concentra a atenção no poder social das plataformas e das grandes empresas de tecnologia, o diagnóstico do “capitalismo de gestão de ativos” nos convida a levar em consideração a enorme ascensão das empresas de gestão de ativos. Benjamin Braun e Brett Christophers apresentam em seu livro alguns fatos estilizados. As três grandes gestoras de ativos (BlackRock, Vanguard e State Street) detinham, em 2008, cerca de 13,5% de todas as empresas do S&P 500; agora, em 2024, essa porcentagem chegou a 22%. Varoufakis (2023) acrescenta que elas são os maiores acionistas de 90% das empresas da Bolsa de Valores de Nova York. Além disso, as gestoras de ativos controlam conjuntamente US$ 126 trilhões em recursos financeiros, obtêm um total de US$ 526 bilhões em receita, auferindo lucros estimados em cerca de US$ 200 bilhões por ano (equivalente ao PIB da Grécia) (Braun & Christophers 2024). Sem dúvida, como se vê, os números aqui falam por si. As gestoras de ativos usam seu imenso acesso a recursos financeiros para influenciar ativamente o comportamento das empresas capitalistas. As gestoras de ativos “convencionais”, como as “três grandes”, obtêm recursos das empresas de seguros, dos fundos de pensão e dos fundos soberanos, todos os quais procuram-nas para investir as enormes somas de capital que detêm. Devido ao seu enorme tamanho, as gestoras de ativos tendem a possuir um capital significativo, o que lhes permite manter um controle substancial sobre as políticas das empresas. Braun e Christophers afirmam que as gestoras de ativos se tornaram o “sistema nervoso central da sociedade capitalista contemporânea”, bem como componentes centrais do capitalismo como um todo. Os Estados também são reféns das preferências políticas das grandes gestoras de ativos. Especialmente no Sul Global, onde os países dependem de títulos denominados em moeda para financiar seus serviços estatais, as gestoras de ativos podem afetar diretamente seu acesso ao mercado de títulos soberanos. Tornam-se, portanto, árbitros de capacidade creditícia, da solvabilidade e, em última análise, também da soberania de vários países. Além disso, muitos Estados dependem cada vez mais das gestoras de ativos para conceber e aplicar as suas próprias políticas, por exemplo, no que diz respeito à transição ecológica e até mesmo para o fornecimento de bens públicos básicos. Não apenas isso, mas a dependência do Estado e o enfraquecimento (ou completa inexistência) da soberania monetária, juntamente com o imenso acesso aos recursos, significam que as gestoras de ativos também têm a capacidade de pressionar diretamente os governos. Isso ocorre com o objetivo de impedir a regulamentação ou para promover ativamente sua agenda política. Um exemplo de um espaço de política em que a influência das gestoras de ativos tem sido crítica é a política monetária. Benjamin Braun (2022) argumenta que a abordagem moderada adotada pela maioria dos bancos centrais para combater a inflação recente está relacionada à influência das gestoras de ativos. Tradicionalmente, a política monetária tem sido um campo em que se dá o conflito de classes. Os bancos, os credores e os poupadores geralmente preferem inflação baixa e altas taxas de juros, mesmo que isso custe algum desemprego. Pelo contrário, os trabalhadores e os devedores preferem taxas de juros baixas, pois facilitam o investimento e a criação de empregos. Na verdade, os devedores muitas vezes estão dispostos a suportar alguma inflação porque ela consome o valor real de sua dívida. A ascensão das gestoras de ativos alinhou os interesses de Wall Street com os da classe trabalhadora na questão do nível da taxa de juros. As taxas de juros persistentemente baixas levaram à inflação dos preços dos ativos; conforme se eleva os seus valores de mercado, aumenta a receita dessas empresas que obtêm na forma de taxas. Ao tornar os empréstimos mais baratos, as baixas taxas de juros também reduziram os custos de financiamento para as gestoras de ativos altamente alavancadas. Dessa maneira, os interesses dos bancos e poupadores foram superados pelo poder acumulado pelas gestoras de ativos. O que não está claro nesta apresentação do capitalismo das gestoras de ativos é a questão de saber se isso representa uma ruptura radical com o neoliberalismo ou se se está diante simplesmente do resultado do aprofundamento da financeirização. Uma crítica muito comum ao neoliberalismo é que ele significou o triunfo do capital financeiro sobre o resto da economia. No entanto, esse triunfo transformou o motor do sistema econômico; se era produtivo, tornou-se parasitário. As atividades especulativas tornaram-se mais lucrativas do que o investimento produtivo, criando uma situação em que se gera muita instabilidade financeira. Não apenas isso, mas esse domínio sufoca supostamente o crescimento da produtividade, pois o capital é cada vez mais desviado de outras atividades para as finanças (ver Mazzucato 2018, Harvey 2024, Lapavitsas 2013). Talvez o primeiro economista a estabelecer uma ligação explícita entre o neoliberalismo e a crescente influência de investidores institucionais, como fundos de pensão, tenha sido Hyman Minsky (Whalen 2010). Para Minsky, a década de 1980 inaugurou a era do “capitalismo das gestoras de dinheiro”; nesse andamento, as gestoras e os seus fundos se tornaram os novos mestres da economia. As suas preocupações sobre esse fenômeno eram muito semelhantes às discutidas acima, ou seja, apontavam para a natureza propensa a crises do sistema, bem como sua relutância em financiar investimentos produtivos. Embora o diagnóstico de Minsky tenha sido bem profundo, é duvidoso que ele tenha imaginado a extensão da propriedade concentrada e o poder que os gestores de ativos acumularam agora. Assim, se a ascensão das gestoras de ativos representa o culminar do longo processo de financeirização da economia (ou seja, o crescente domínio das finanças sobre todos os outros setores produtivos), muitas das críticas ao neoliberalismo nas últimas décadas ainda podem ser relevantes. Podemos estar testemunhando novos níveis de concentração de capital; diante disso, portanto, continua sendo uma prioridade política controlar as finanças para garantir que elas funcionem para o bem público. No entanto, este não é o caso se se aceita o diagnóstico proposto por Varoufakis. Como foi sugerido na seção anterior, se se aceita a hipótese do tecnofeudalismo, torna-se necessário repensar radicalmente as prioridades políticas, bem como das estratégias para a transformação social progressista. O que vem depois do neoliberalismo?É inegável que a ascensão do capital-nuvem e das gestoras de ativos são dois fenômenos fundamentais que estruturam o capitalismo contemporâneo. Talvez sejam esses dois tipos de corporações que configuram, pelo menos até certo ponto, o que virá (ou o que já está vindo) depois do neoliberalismo. Embora as duas críticas ao capitalismo contemporâneo antes analisadas direcionem nossa atenção para fenômenos diferentes, as implicações que podem ser extraídas delas têm muito em comum. Na verdade, ambas implicam uma maior concentração de capital e de poder nas mãos de poucos, bem como um aumento da desigualdade de renda e riqueza. No entanto, o que quero enfatizar aqui é que ambas as estruturas sugerem a predominância da renda sobre o lucro, da apropriação sobre a produção. Muitos consideraram que o advento do neoliberalismo e da financeirização vêm de mãos dadas com o retorno da figura do rentista. Por exemplo, Harvey (2024) argumenta que a financeirização e a monopolização criaram o rentista moderno que não produz nada além de benefícios monetários por meio da propriedade de ativos ou especulação financeira. Azmanova (2020) considera que os rentistas têm sido ativamente criados por políticas estatais que visam aumentar a competitividade dos “campeões” nacionais ou regionais, em detrimento da concorrência de mercado e da regulação antitruste. Parece que o processo em andamento de substituição do neoliberalismo está trazendo algo ainda pior. Os donos das nuvens e as gestoras de ativos são rentistas por excelência. Eles estão no negócio de tomar, não de fazer. Eles se beneficiam da propriedade e do controle – e não da produção – em condições de concorrência limitada. Brett Christophers (2020) tem a mesma visão, sugerindo que os aluguéis pagos pelo uso das plataformas desempenham um papel fundamental no que ele chama de “capitalismo rentista”. Em seu livro sobre empresas de gestão de ativos, ele também conclui que os gestores de ativos são “rentistas puros” (Christophers, 2023). Um gestor de ativos pode ser proprietário de um parque eólico na Noruega ou de um complexo imobiliário na Flórida, mas isso não tem nada a ver com a operação e manutenção do dia a dia desses ativos, que são terceirizados para outras empresas. Eles não produzem nada, enquanto “seu negócio é maximizar o próprio ganho por meio da extração de receitas – ou seja, aquele rendimento que é obtido por meio desse ativo” (Christophers 2023). Esses estudiosos consideram que a produção capitalista é simultaneamente baseada no lucro e na renda, na produção e na apropriação, na exploração e na expropriação. Embora na ascensão do capitalismo a renda, a apropriação e a expropriação tenham sido obstadas, elas nunca foram completamente superadas. Essas duplicatas não são equivalentes entre si, mas todas apontam para o fato de que o capitalismo não é um mero sistema de troca contratual no qual os mais eficientes, os mais produtivos e os mais inteligentes se beneficiam de acordo. Por trás da troca contratual está escondida a morada da renda imerecida, do capital patrimonial, do poder hereditário e da expropriação pura e simples. Para Varoufakis (2023), o triunfo do lucro sobre a renda foi o que acabou definindo a transição do feudalismo para o capitalismo. Nesse sentido, o retorno da renda que o capital da nuvem trouxe significa que devemos questionar se estamos vivendo ainda sob o capitalismo. Na economia política marxista, a importância do equilíbrio entre lucro e renda foi mais claramente expressa por Rosa Luxemburgo, que argumentou que a acumulação primitiva era uma característica estrutural do capitalismo – e não apenas sua condição primitiva. Por outro lado, na economia política clássica, David Ricardo considerava os latifundiários rentistas como vestígios do feudalismo que impediam o pleno florescimento do modo de produção capitalista. Keynes, da mesma forma, pediu a eutanásia do rentista, referindo-se principalmente aos financistas parasitas que enriqueceram mantendo o capital artificialmente escasso (Mann, 2019). Mesmo na economia neoclássica convencional, o termo renda monopolista refere-se aos lucros acumulados acima dos lucros normais alcançáveis sob um design de mercado eficiente e competitivo. Antes de resumir o resultado dessa apresentação sumária da questão da superação histórica do neoliberalismo, apresentamos abaixo um retrato dos vinte principais acionistas institucionais das 10 maiores empresas de tecnologia dos EUA: ConclusãoEm suma, em muitas escolas de pensamento econômico, bem como em afiliações políticas, a busca de renda, a apropriação e a expropriação são vistas como fardos em uma economia capitalista. De uma perspectiva avaliativa, se toda essa extração não pode ser considerada como totalmente moral, pelo menos tem de ser tomada como politicamente censurável. Portanto, se o que estamos testemunhando agora é uma nova mudança na balança em direção à renda e à apropriação, ainda maior do que a provocada pelo neoliberalismo, então maiores problemas virão. Varoufakis (2023) coloca a origem dos problemas (ou seja, a extração de renda ou “rent-seeking”) em grandes empresas de tecnologia, enquanto Braun e Christophers (2024) o fazem em empresas de gestão de ativos. O que falta, no entanto, é a relação entre esses dois fenômenos. Dado que a Blackrock et al. são os principais acionistas de grandes empresas de tecnologia, como isso afeta a nova dinâmica introduzida pelo capital em nuvem? Os gestores de ativos são os verdadeiros rentistas de nuvem? Como pode ser visto na tabela acima, parece que a resposta é afirmativa (Hyppolite & Michon, 2018). As gestoras BlackRock, Vanguard, State Street e Fidelity detêm as maiores participações (coletivamente, mais de 20%) nas 10 principais empresas de tecnologia dos EUA. Se os mercados públicos e abertos não são mais o principal mecanismo de distribuição de bens e serviços, se a alocação de recursos financeiros está sujeita aos caprichos idiossincráticos de algumas corporações gigantescas, se as grandes empresas de tecnologia adquirem uma parcela significativa de seu capital gratuitamente porque os consumidores lhes fornecem os seus dados – isto é, se a renda deslocou o lucro nas economias, então, na verdade, ainda estamos falando sobre o capitalismo? Teorizar o agora se tornou, muitas vezes, desafiador. No entanto, tentar conciliar a ascensão do capital-nuvem com a ascensão das gestoras de ativos pode ser a chave para entender as profundas transformações pelas quais o capitalismo está passando. O que deve se seguir do exposto, tomando o desafio de Varoufakis, é uma tentativa de vincular teoria e prática. Ou seja, encarar o fato de que, junto com o neoliberalismo, a conhecida caixa de ferramentas da política progressista (por exemplo, tributação, regulamentação e mobilização) também se tornou desatualizada, ou pelo menos inadequada para os desafios futuros. Talvez devêssemos pensar e agir de forma mais radical. | A A |
OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A |
O Futuro Sustentável da Química no Brasil10 Produtos com Maior Potencial de Desenvolvimento para a Química Verde e Sustentável no Brasil 1. Eteno Verde • Produzido a partir do etanol derivado de biomassa, como a cana-de-açúcar, o eteno verde é utilizado como matéria-prima na fabricação de plásticos, como o polietileno verde. Essa alternativa sustentável reduz a dependência de fontes fósseis e diminui a pegada de carbono da indústria petroquímica. 2. Metanol Verde • Obtido de biomassa ou do reaproveitamento de CO₂, o metanol verde é um insumo essencial para combustíveis sustentáveis (biodiesel, metil-terciário-butil-éter – MTBE) e produtos químicos, como resinas, plásticos e formaldeídos. 3. Carvão Ativado • Feito de resíduos agroindustriais, como casca de coco ou bagaço de cana, o carvão ativado tem aplicações crescentes na purificação de água, captura de gases poluentes e como catalisador em processos químicos mais limpos. 4. Nitrocelulose • Derivada da celulose de biomassa (como madeira ou algodão), a nitrocelulose é usada na produção de vernizes, tintas, filmes e explosivos, com menos impacto ambiental em comparação com alternativas petroquímicas. 5. Glicerina Verde • Subproduto do biodiesel, a glicerina tem usos diversificados, incluindo cosméticos, produtos farmacêuticos, aditivos para combustíveis e como insumo para fabricar compostos químicos como glicerol e propileno glicol. 6. Ácido Lático • Obtido pela fermentação de biomassa (como milho ou cana-de-açúcar), o ácido lático é usado na fabricação de polímeros biodegradáveis, como PLA (poliácido lático), além de produtos alimentícios, farmacêuticos e cosméticos. 7. Bioquerosene • Produzido a partir de óleos vegetais ou resíduos, é uma alternativa sustentável para o setor de aviação. Com o Brasil sendo um grande produtor de soja e cana, o bioquerosene tem potencial estratégico para descarbonizar o transporte aéreo. 8. Polímeros Biodegradáveis (PHA e PLA) • Derivados de fontes renováveis, esses polímeros são alternativas sustentáveis ao plástico convencional, com aplicações em embalagens, utensílios descartáveis e dispositivos médicos. O Brasil tem potencial para ser líder devido à sua biomassa abundante. 9. Ácido Succínico Verde • Produzido por fermentação de biomassa, esse ácido é usado na fabricação de resinas, polímeros e solventes. É uma alternativa promissora ao petróleo para aplicações industriais e farmacêuticas. 10. Surfactantes Naturais • Obtidos de óleos vegetais, como soja ou palma, esses compostos são usados em detergentes, produtos de limpeza e cosméticos. Por serem biodegradáveis e menos tóxicos, os surfactantes naturais substituem os derivados de petróleo em diversas aplicações. Por que esses produtos têm alto potencial no Brasil? 1. Disponibilidade de Biomassa: O Brasil é líder global na produção de cana-de-açúcar, soja e outros cultivos que podem ser usados como matéria-prima para química verde. 2. Infraestrutura Estabelecida: Setores como o etanol e o biodiesel já possuem cadeias produtivas bem estruturadas, facilitando a transição para produtos químicos sustentáveis. 3. Compromisso Ambiental Global: A crescente demanda internacional por soluções sustentáveis cria uma oportunidade para o Brasil expandir sua liderança em química verde. 4. Apoio Governamental e Privado: O setor de bioeconomia recebe incentivos e investimentos no Brasil, acelerando a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. Esses produtos representam o futuro da indústria química, conciliando crescimento econômico com sustentabilidade e fortalecendo a posição estratégica do Brasil no mercado global. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A | Da Rota da Seda ao Vale do Silício: A Evolução dos Bens Sofisticados e Complexos na HistóriaUm Paralelo Entre Bens Complexos Hoje e Bens Sofisticados nos Séculos XV, XVI e XVIIBens Complexos no Mundo ModernoHoje, bens complexos são aqueles que demandam alta tecnologia, cadeias produtivas globais e conhecimento técnico especializado. Eles incluem produtos como:
Esses bens estão no topo da complexidade econômica, exigindo infraestrutura tecnológica, capital humano altamente qualificado e capacidade de inovação. Bens Sofisticados nos Séculos XV, XVI e XVIINos séculos XV, XVI e XVII, os bens considerados sofisticados eram aqueles que demandavam grande habilidade artesanal, conhecimento técnico da época e cadeias produtivas avançadas para o período. Exemplos incluem:
Grandes Cidades Produtoras de Bens Sofisticados (Séculos XV-XVII)1. Veneza (Itália)
2. Amsterdã (Holanda)
3. Lisboa (Portugal)
4. Antuérpia (Flandres)
5. Toledo (Espanha)
6. Pequim (China)
7. Kyoto (Japão)
ConclusãoEnquanto os bens sofisticados dos séculos XV-XVII dependiam de habilidades artesanais e cadeias comerciais baseadas em navegação, os bens complexos atuais são resultados de inovação tecnológica, ciência e cadeias globais digitalizadas. As cidades que lideravam a produção de bens sofisticados no passado, como Veneza e Amsterdã, eram equivalentes às metrópoles tecnológicas de hoje, como Shenzhen e o Vale do Silício. A evolução reflete como a tecnologia redefine os critérios de sofisticação e valor em cada era. O Poder do Monopólio na Produção de Bens Sofisticados e sua Conexão com a Riqueza RegionalAo longo da história, o poder de monopólio tem desempenhado um papel central na produção e comercialização de bens sofisticados, garantindo riqueza e prosperidade às regiões produtoras. Esse poder monopolista surge quando uma região ou um grupo possui vantagens exclusivas para produzir bens de alta demanda, seja por controle de recursos naturais, conhecimento técnico exclusivo ou acesso privilegiado a mercados globais. 1. O Monopólio nos Bens Sofisticados HistóricosNos séculos XV a XVII, os bens considerados sofisticados — como tecidos finos, especiarias, porcelanas, cristais e armamentos — eram frequentemente produzidos em regiões que detinham controle exclusivo das técnicas ou recursos necessários para fabricá-los. Esses monopólios eram sustentados por:
Esses monopólios garantiam que as regiões produtoras acumulassem riquezas significativas, que eram reinvestidas em infraestrutura, cultura e comércio. 2. O Monopólio nos Bens Complexos ModernosNo mundo contemporâneo, bens complexos — como microchips, aeronaves e produtos farmacêuticos — também estão associados a estruturas monopolistas ou oligopolistas que concentram riqueza nas regiões produtoras. Esse monopólio é sustentado por:
3. Impactos do Monopólio na Riqueza RegionalO monopólio sobre bens sofisticados ou complexos transforma regiões produtoras em centros de riqueza e influência global. Os impactos incluem:
4. Desafios do MonopólioApesar de seus benefícios, o poder de monopólio também pode criar desigualdades econômicas e tensões geopolíticas:
5. ConclusãoO monopólio sempre foi uma ferramenta poderosa para gerar riqueza e posicionar regiões como líderes econômicos e culturais. Enquanto no passado o monopólio de bens sofisticados como seda e vidros transformava cidades como Veneza em potências globais, hoje a concentração de tecnologia e inovação em bens complexos como microchips e aeronaves cria centros de riqueza como o Vale do Silício. A história mostra que controlar a produção de bens essenciais à economia global é um caminho certo para a prosperidade regional, ainda que também traga desafios de desigualdade e competição. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Os Mercados, a Incerteza e o Mundo Real: Uma Visão Pós-KeynesianaO livro “Financial Markets, Money and the Real World” de Paul Davidson, um dos principais economistas pós-keynesianos, apresenta uma crítica ao mainstream econômico e oferece uma visão alternativa sobre o funcionamento dos mercados financeiros e da economia. Suas ideias são centradas na incerteza fundamental, no papel das expectativas e na importância das instituições financeiras. Abaixo estão os principais pontos abordados na obra: 1. Incerteza Fundamental Davidson argumenta que os mercados financeiros operam sob condições de incerteza genuína, diferente de riscos mensuráveis. Inspirado por John Maynard Keynes, ele enfatiza que os agentes econômicos não possuem informações perfeitas ou previsões confiáveis sobre o futuro. Isso leva a decisões baseadas em convenções sociais ou expectativas de curto prazo, o que pode causar volatilidade nos mercados. 2. Diferenciação entre Riscos e Incertezas O autor distingue risco, que pode ser calculado probabilisticamente, de incerteza, que é irreversível e imprevisível. Ele argumenta que a teoria econômica dominante, ao ignorar essa distinção, falha em capturar a complexidade dos mercados financeiros e suas crises. 3. Papel dos Mercados Financeiros Davidson critica a visão de que os mercados financeiros sempre alocam recursos de forma eficiente. Ele sugere que, frequentemente, os mercados financeiros estão mais preocupados com ganhos especulativos de curto prazo do que com investimentos produtivos de longo prazo. Essa desconexão entre o setor financeiro e a economia real pode levar a instabilidade econômica. 4. Moeda e Liquidez A moeda desempenha um papel central no pensamento de Davidson. Ele argumenta que a demanda por liquidez reflete a necessidade de proteção contra incertezas futuras. Isso está em contraste com a visão neoclássica, que trata a moeda apenas como um meio de troca. A preferência pela liquidez pode reduzir investimentos produtivos, exacerbando recessões econômicas. 5. Crítica ao Livre Mercado Davidson questiona a crença de que os mercados financeiros, deixados a si mesmos, podem se autorregular. Ele argumenta que a especulação e o comportamento em manada podem amplificar instabilidades, o que torna essencial a presença de regulação governamental para estabilizar os mercados e proteger a economia. 6. Importância da Intervenção Estatal Para Davidson, o governo deve desempenhar um papel ativo na economia, especialmente em tempos de crise. Ele propõe políticas fiscais e monetárias contracíclicas, regulação dos mercados financeiros e investimentos públicos para fomentar o crescimento econômico e o emprego. 7. Heterodoxia Econômica O livro é uma defesa do pensamento pós-keynesiano, contrastando com a abordagem neoclássica. Ele critica a suposição de equilíbrio automático e destaca a importância de estudar a economia como um sistema dinâmico e dependente do tempo. 8. Globalização e Instabilidade Davidson discute como a globalização financeira exacerbou a instabilidade econômica. Ele critica a falta de um sistema financeiro internacional robusto para lidar com desequilíbrios comerciais e crises financeiras globais. Propõe reformas no sistema monetário internacional, como o uso de uma moeda internacional (inspirada no “bancor” de Keynes) para evitar os problemas associados ao dólar como moeda de reserva global. 9. Recomendações de Políticas • Regulamentação mais rigorosa dos mercados financeiros para conter a especulação. • Estímulo ao investimento produtivo em vez de ganhos especulativos. • Criação de instituições internacionais para coordenar políticas econômicas e reduzir desequilíbrios globais. Importância da Obra O livro é uma contribuição importante para aqueles que buscam uma visão alternativa à teoria econômica dominante. Davidson oferece ferramentas teóricas para compreender a natureza instável dos mercados financeiros e propõe soluções práticas para tornar o sistema econômico mais resiliente e equitativo. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
O Contrabando que Mudou o Mundo: Como Henry Wickham Derrubou o Império brasileiro da BorrachaNo século XIX, o Brasil controlava impressionantes 90% do suprimento mundial de borracha. No entanto, esse domínio incomodava os britânicos, que decidiram agir estrategicamente para minar o poder brasileiro. Com o avanço das bicicletas, automóveis e máquinas industriais no final do século XIX, a demanda global por borracha crescia de forma exponencial. No centro desse boom estava Manaus, uma cidade brasileira localizada no coração da Amazônia. A riqueza proveniente da borracha transformou Manaus na cidade mais próspera da América do Sul no final dos anos 1800, rendendo-lhe o título de “Paris dos Trópicos”. Graças às seringueiras da bacia amazônica, o Brasil detinha praticamente o monopólio global desse recurso. Os barões da borracha viviam como aristocratas, confiantes de que dominariam a indústria para sempre. Contudo, o cenário começou a mudar. Os britânicos, insatisfeitos com sua exclusão desse mercado lucrativo, iniciaram nos anos 1860 um plano meticuloso para quebrar o monopólio brasileiro. O objetivo? Transferir o comércio de borracha para fora do controle do Brasil. Mas havia um grande obstáculo: as sementes de seringueira, ricas em óleo e látex, dificilmente sobreviviam à longa viagem pelo Atlântico. Esse desafio parecia insuperável até que um personagem improvável surgiu. Henry Wickham, nascido em 1846, era um empresário sem sucesso e sem nada a perder. Em 1876, ele se tornou um espião a serviço dos britânicos, elaborando um ousado plano para contrabandear sementes de seringueira para fora do Brasil. Wickham não se limitou a levar poucas sementes — ele contrabandeou cerca de 70.000. Escondendo cuidadosamente sua carga e evitando suspeitas, Wickham conseguiu enviar as sementes para Londres, onde elas chegaram aos Jardins Botânicos Reais de Kew. Lá, especialistas cuidaram delas com atenção. Das 70.000 sementes, mais de 2.000 sobreviveram, número suficiente para desencadear uma verdadeira revolução no mercado global. Enquanto o Brasil desfrutava de sua opulência, os britânicos começaram a plantar seringueiras em regiões como Ceilão, Malásia, Sri Lanka e Indonésia. Ao contrário das árvores selvagens da Amazônia, essas plantações eram organizadas, controladas e muito mais produtivas. O clima do Sudeste Asiático era perfeito para o cultivo, o que resultou em uma produção de borracha mais rápida, barata e eficiente. Em 1920, apenas a Malásia contava com 1 milhão de acres de plantações de seringueira. O Sudeste Asiático rapidamente assumiu o mercado global, deixando o Brasil para trás. A queda foi drástica: em 1910, a produção brasileira havia diminuído 50%. Em 1914, a participação do Brasil no mercado global já havia caído para 30%, e, em 1940, era de apenas 1,3%. O colapso foi devastador para a Amazônia. Milhares de seringueiros perderam seus meios de subsistência, e comunidades inteiras enfrentaram o caos econômico. No entanto, para o restante do mundo, a mudança para o Sudeste Asiático trouxe borracha mais barata e confiável, transformando a economia global. Atualmente, cerca de 80% da produção mundial de borracha vem do Sudeste Asiático, um cenário que se iniciou com o ousado contrabando de Henry Wickham. Sua ação não apenas desmantelou o império da borracha brasileiro, mas também redefiniu as cadeias globais de suprimento. Ao transferir a produção das florestas selvagens do Brasil para plantações organizadas na Ásia, Wickham transformou um recurso imprevisível em um dos pilares da eficiência industrial, alterando para sempre o curso do comércio global. referências: 1. Dean, Warren. A luta pela borracha no Brasil: um estudo de história ecológica. São Paulo: Nobel, 1989. • Este livro fornece uma análise detalhada sobre o ciclo da borracha no Brasil e os fatores que levaram ao declínio da hegemonia brasileira no mercado global. 2. Grandin, Greg. Fordlândia: Ascensão e queda da cidade esquecida de Henry Ford na selva. São Paulo: Rocco, 2010. • Apesar de focar em Fordlândia, o livro aborda a história da indústria da borracha e o impacto da perda do monopólio brasileiro. 3. Barham, Bradford; Coomes, Oliver T. Amazônia e o declínio da borracha: uma história econômica. Cambridge: Harvard University Press, 1996. • Este estudo detalha a transição do monopólio da borracha da Amazônia para o Sudeste Asiático e as implicações econômicas disso. 4. Hecht, Susanna B.; Cockburn, Alexander. A sorte da floresta: destruição e sobrevivência na Amazônia brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. • Uma análise ambiental e social dos impactos do declínio da economia da borracha na Amazônia. 5. Kew Gardens Archives • Os Jardins Botânicos Reais de Kew, em Londres, possuem registros históricos relacionados à introdução das sementes de seringueira contrabandeadas por Henry Wickham. Eles também são uma fonte confiável sobre o impacto global dessa transferência. 6. Mattoso, Kátia M. de Queirós. História econômica do Brasil. São Paulo: Ática, 1994. • Uma visão geral das principais transformações econômicas do Brasil, incluindo o ciclo da borracha. Essas referências são amplamente reconhecidas no campo da história econômica e ambiental e fornecem uma base sólida para explorar os eventos narrados. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A | Dinâmica dos Mercados e Estratégias Empresariais: Uma Análise das Ideias de Oz Shy sobre organização industrialO livro Industrial Organization: Theory and Applications de Oz Shy é uma das obras fundamentais no campo da organização industrial. Ele aborda a estrutura e o comportamento das empresas nos mercados, explorando como diferentes configurações de mercado afetam as decisões estratégicas das firmas e os resultados econômicos. Aqui estão alguns dos principais temas e ideias discutidos na obra: 1. Estruturas de Mercado Shy analisa diferentes estruturas de mercado, como: • Concorrência perfeita: Caracterizada por muitas empresas, produtos homogêneos e nenhuma barreira à entrada. • Monopólio: Uma única empresa domina o mercado. • Oligopólio: Poucas empresas competem, o que leva a interações estratégicas entre elas. • Concorrência monopolística: Muitas empresas oferecem produtos diferenciados. O autor destaca como cada estrutura afeta preços, lucros e eficiência. 2. Teoria dos Jogos Aplicada à Organização Industrial Shy utiliza a teoria dos jogos para modelar a interação estratégica entre empresas, abordando temas como: • Guerra de preços: Estratégias de empresas em mercados competitivos. • Decisões de entrada e saída: Como as barreiras à entrada e os custos fixos influenciam as decisões estratégicas. • Colusão e formação de cartéis: Como as empresas podem cooperar para aumentar lucros, mesmo que isso seja prejudicial para os consumidores. 3. Diferenciação de Produtos O livro dedica um capítulo significativo à diferenciação de produtos, explorando: • Horizontal: Preferências distintas dos consumidores (ex.: sabor, localização). • Vertical: Qualidade percebida do produto. Shy argumenta que a diferenciação pode permitir que as empresas escapem da competição por preços e aumentem sua margem de lucro. 4. Política de Preços A obra analisa estratégias de precificação, como: • Discriminação de preços: Cobrar diferentes preços de diferentes consumidores com base em sua disposição a pagar. • Estratégias de preços dinâmicos: Como os preços mudam ao longo do tempo, considerando o ciclo de vida dos produtos. 5. Barreiras à Entrada e Concorrência Estratégica Shy explora os mecanismos pelos quais as empresas estabelecidas podem criar barreiras à entrada para novas concorrentes, como: • Economias de escala. • Investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D). • Controle de canais de distribuição. Essas estratégias são fundamentais para manter posições dominantes no mercado. 6. Interação entre Empresas e Regulação Outro tema central do livro é como as empresas interagem com os reguladores e as políticas antitruste. Shy analisa como as políticas governamentais podem: • Restringir práticas anticompetitivas. • Promover a entrada de novas empresas. • Beneficiar consumidores por meio da redução de preços e aumento de inovação. 7. Mercados Digitais e Tecnologia Embora o livro tenha sido escrito antes do boom das empresas digitais, Shy aborda conceitos que se aplicam ao mercado moderno, como: • Efeitos de rede: Produtos ou serviços que se tornam mais valiosos à medida que mais pessoas os utilizam. • Custos de troca: Dificuldade ou custo enfrentado pelos consumidores para mudar de fornecedor. Contribuição Acadêmica A abordagem de Shy é tanto teórica quanto aplicada, combinando modelos matemáticos rigorosos com análises práticas. Ele fornece exemplos que conectam a teoria a situações reais de mercado, tornando o livro acessível tanto para acadêmicos quanto para estudantes e profissionais. Impacto O livro é uma leitura indispensável para quem deseja entender a dinâmica da competição e das estratégias empresariais em mercados modernos. Ele fornece uma base sólida para a análise de políticas antitruste, regulação de mercados e o impacto das decisões empresariais no bem-estar social. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
A atualidade radical da Renda BásicaNum mundo em que a riqueza coletiva é capturada por tão poucos, alguns ainda julgam descabido oferecer dinheiro sem contrapartida em trabalho. É hora de demonstrar a inconsistência – ética, social e econômica – desta oposição Enquanto a economia for movida principalmente pela maximização do lucro, ela responderá à demanda expressa pelos grupos mais ricos da sociedade, levando a formas extrativistas de produção que agravam a exclusão social em nome da criação de mais riqueza, e deixará de assegurar os direitos das pessoas em situação de pobreza. (Olivier de Schutter)¹O ponto de partida óbvio é que o que produzimos no mundo, o chamado PIB global, é suficiente para garantir uma vida digna e próspera para todos. Também podemos usar a Renda Nacional Líquida ou acrescentar a infraestrutura já construída – casas, estradas, eletricidade, sistemas de água, ruas e tantas outras melhorias herdadas -, mas o fato básico é que o que temos e produzimos é suficiente. Para se ter uma referência, o PIB mundial, de 110 trilhões de dólares, para uma população de 8 bilhões, equivale a 4.600 dólares por mês para uma família de quatro membros. Mesmo no Brasil, com um PIB per capita de 10 mil dólares por ano, o que produzimos equivale a 3,3 mil dólares por mês por família de quatro membros. Podemos brincar com os números, mas o fato básico é que nosso problema não é econômico, mas de organização social e política. É claro que teríamos de ajustar o que produzimos. Os EUA gastaram 2,3 trilhões em 20 anos na guerra do Afeganistão. Isso equivale a 315 milhões por dia, uma quantia que nos permitiria construir 8 mil casas por dia, escolas, casas, sistemas de esgoto, o que for. Teria sido mais popular. Você poderia ter feito isso no Paquistão, para criar integração política. Certamente teria sido mais inteligente do que bombardear, se considerarmos os resultados. E construir escolas, tirar as pessoas da pobreza e gerar empregos é politicamente mais poderoso do que gerenciar centenas de bases militares em todo o mundo. Esse é apenas um exemplo, mas há muitos absurdos. Produzimos alimentos suficientes para todos, mas perdemos 30% deles por má administração. Certamente, os lucros financeiros e o setor militar aumentam o PIB, mesmo que sejam custos líquidos para a sociedade, mas será que o objetivo é esse “crescimento”? A questão não é o crescimento, mas o ajuste do que fazemos às necessidades sociais e aos desafios ambientais. Temos os recursos, as tecnologias e sabemos onde estão os dramas. Um segundo ponto é que uma renda básica é extremamente necessária. Temos 750 milhões de pessoas passando fome e mais de 2 bilhões em situação de insegurança alimentar. Será que eles merecem? Será que cerca de 180 milhões de crianças que passam fome merecem isso? Na verdade, nem os pobres merecem sua pobreza, nem os bilionários das empresas financeiras merecem suas riquezas. Não estamos discutindo mérito aqui, mas humanidade básica. Desde quando a economia pode ser isenta de uma abordagem ética? Estamos falando de uma grande parte da humanidade em situações desesperadoras, quando a solução da questão das necessidades básicas custa uma ninharia.² Veja um número simples: dados do Crédit Suisse/UBS mostram que a riqueza do 1% dos adultos mais ricos do mundo chega a aproximadamente 250 trilhões de dólares. A metade inferior tem 5 trilhões. Isso significa simplesmente que uma transferência de 2% do 1% mais rico dobraria a riqueza da metade inferior. Em termos sociais, um dólar na base da sociedade é radicalmente mais produtivo do que no topo. A utilidade marginal do dinheiro é maximizada quando você o distribui. Coloco isso nesses termos porque soa muito científico, para os economistas. Mas é uma questão de bom senso e de respeito à dignidade humana. E, por favor, não me venha com a conversa fiada de que se você der dinheiro aos pobres eles vão parar de trabalhar. No Brasil, o programa Bolsa Família do governo Lula, iniciado em 2003, alcançou mais de 50 milhões de pessoas e aumentou radicalmente o emprego. Não é um maná que cai do céu, é um piso sobre o qual os pobres podem se apoiar para construir suas vidas. Sim, a renda básica como um piso. O Banco Mundial fez amplos estudos sobre a armadilha da pobreza e, atualmente, temos muitos detalhes sobre isso no World Inequality Database (WID), nas publicações da Oxfam, nos estudos da equipe de Thomas Piketty e em muitos outros. As luzes estão acesas, depois de tanta Economia de Lixo [Junk Economics], como Michael Hudson a chama. O que vimos no Brasil é que o dinheiro na base estimula a demanda – ele não se transfere para paraísos fiscais nem alimenta a dívida pública – o que, por sua vez, estimula a produção e a criação de empregos. E estamos falando de empregos úteis, como a construção de casas, a compra de móveis ou de alimentos melhores e coisas do gênero. E não gera inflação, pois esses são produtos cuja oferta pode se expandir rapidamente, garantindo o equilíbrio entre oferta e demanda. À medida que a economia se expande, mais dinheiro é arrecadado em impostos, equilibrando o orçamento. Não há mistério aqui. Durante a década de 2003-2013, tivemos uma redução drástica da pobreza e do desemprego, bem como um forte investimento e um crescimento do PIB de 3,8%. Mas o mundo financeiro odiou: era a prosperidade baseada na produção, não na extração financeira.³ O que temos até agora com relação à questão da renda básica? Temos o dinheiro, podemos torná-lo útil (não na guerra contra o Afeganistão ou nas finanças). Ela é extremamente necessária, é útil tanto em termos de crescimento econômico quanto em termos éticos, e temos toda a economia necessária, uma vez que deixamos de lado a economia de baixo nível. E temos uma implementação em larga escala ao longo de muitos anos que mostra que funciona. E os custos? No Brasil, ajudar todas essas pessoas custou entre 0,5% e 1,5% do PIB, de acordo com os períodos. Na verdade, esses custos foram supercompensados: o estudo do IPEA mostrou que cada 1 real investido no Bolsa Família aumentou o PIB em 1,78 real. É simplesmente o efeito multiplicador: o dinheiro na base gera consumo, demanda, empregos e impostos. O dinheiro no topo gera poder político e a devastação social e ambiental que estamos enfrentando – e o discurso de fachada de que eles são executivos responsáveis e preocupados com a austeridade. Sua austeridade é comovente, já que seu salário médio é, nos EUA, 350 vezes maior do que o salário médio de um funcionário. A quem estamos enganando? Mas o que contraria muitas pessoas é o fato de que, enquanto elas trabalham para ganhar cada centavo, esse dinheiro chegaria a todos “de graça”. Uma primeira questão sobre esse argumento é que todos nós recebemos muitas coisas de graça. A terra, a água, as praias, a natureza, os chamados bens comuns. Elinor Ostrom recebeu o prêmio Nobel de Economia do Banco da Suécia por seu estudo sobre Governing the Commons [Governando os bens comuns, em tradução livre]. No Brasil, este ano, a privatização do acesso às praias está sendo discutida no Congresso Nacional. A privatização da água está crescendo em muitas regiões. O livre acesso aos bens comuns provou sua utilidade. Mas há muito mais. Na maioria dos países europeus, assim como no Canadá ou na China, o acesso aos serviços de saúde é gratuito e universal. Em muitos países, a educação também é gratuita, assim como o acesso a parques em uma cidade ou o uso de ruas, calçadas e estradas. E isso funciona. Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, grandes grupos financeiros assumiram o controle da educação e da saúde. É um desastre. Os serviços básicos universais representam custos, mas nós os temos “de graça”, o que significa que os custos foram cobertos pelos impostos que pagamos. Nenhum argumento moral é levantado aqui: os sistemas públicos de acesso universal gratuito são simples e radicalmente mais eficientes em várias áreas. Compare os custos dos serviços de saúde nos EUA: 11 mil dólares por pessoa por ano, com os custos de 5 mil dólares no Canadá, sendo que o Canadá está muito à frente dos EUA em termos de longevidade e saúde geral da população. O mesmo vale para a educação: com acesso universal público, ou pelo menos unidades sem fins lucrativos, o sistema é mais eficiente, enquanto a privatização leva a uma espécie de indústria ineficiente de diplomas. De acordo com o relatório Schutter da ONU, os serviços básicos universais funcionam melhor quando são gratuitos. “Quanto mais as necessidades básicas forem atendidas pelos serviços básicos universais, menos as diferenças de renda serão importantes e menos as famílias de baixa renda serão penalizadas. A deliberação democrática deve assegurar que os recursos disponíveis sejam dedicados principalmente a garantir níveis adequados de prestação de serviços públicos (em áreas como saúde, educação, transporte público, fornecimento de energia e moradia) e proteção social, em vez de atender à demanda expressa pelos grupos com maior poder aquisitivo.” (págs. 9 e 15) Portanto, de fato, muitos bens e serviços básicos são gratuitos para o uso de todos, mesmo que tenham custos. Como ordem de grandeza, podemos considerar que dois terços do bem-estar econômico das famílias resultam de ter dinheiro no bolso, para usar em lojas ou para pagar o aluguel, enquanto um terço resulta do acesso ao que chamamos de bens de consumo coletivo, ou um salário não direto, já que é pago pela administração pública, mas certamente representa uma parte do nosso conforto material. Viver em uma rua pavimentada certamente faz parte do nosso conforto. Os bens comuns, os serviços públicos e a infraestrutura são gratuitos, independentemente de se e quanto você paga de impostos. Será que não podemos considerar que alguma renda poderia ser adicionada a isso? Certamente não é uma questão moral, considere-a parte das necessidades básicas. E, como visto, certamente é produtivo para a economia. A ganância é estúpida. Um pouco de dinheiro sem custos não é muito diferente de outras formas de acesso à riqueza social. Portanto, algumas coisas certamente precisam ser consertadas. Garantir uma renda básica é certamente a maneira mais eficaz e barata de reduzir o sofrimento e estimular a economia. Tom Malleson apresenta um argumento básico: Assim como é absurdo uma criança passar fome ou ficar doente e não ser atendida, porque seus pais não têm dinheiro, o apoio básico para uma vida próspera deve ser fornecido a todos, simplesmente porque são seres humanos: “Todos os seres humanos têm o mesmo valor moral. A razão final, e talvez a mais forte, para ser um igualitário é a razão prática: uma sociedade com mais igualdade seria, considerando todas as coisas, um lugar imensamente melhor para se viver.” (253)⁴ Uma questão importante é que fornecer uma renda básica é tecnicamente muito mais fácil com o dinheiro virtual moderno e a conectividade global. Nossa experiência no Brasil mostra que isso pode funcionar se você fizer a lição de casa: um registro básico – ao construí-lo, descobrimos que muitas pessoas simplesmente não existiam formalmente, por não terem uma certidão de nascimento ou qualquer documento de identidade – e definir os valores e as condições. Ao fornecer um cartão de crédito específico para cada família, de preferência para as mães, o dinheiro transferido chega às famílias imediatamente – basta pressionar “Enter” no banco gestor. Baixo custo e sem intermediários. O gerenciamento de rede do sistema é simples. Você pode começar com valores baixos, para que os ricos não fiquem muito desesperados com o fato de outras pessoas receberem dinheiro de graça em vez de eles mesmos, e aumentar e ajustar esses valores progressivamente. Em escala mundial, o imposto de 2% sobre os bilionários certamente ajudará. A renda básica não apenas aumentará a Felicidade Interna Bruta e estimulará a economia, mas também nos colocará em um caminho moral correto. Nossa atual prosperidade global é uma construção social, e a sociedade deve se beneficiar. 1 Olivier de Schutter, UN Special Rapporteur, Eradicating poverty beyond growth, UN, Human Rights Council, June 18 – July 12 2024. 3 L. Dowbor e Bruno Barbosa Cezar, Distribution and exclusion in economic policy Latin American Perspectives, September 2022. 4 Tom Malleson, Against Inequality: the practical and ethical case for abolishing the superrich, Oxford University Press, 2023. | A A |
OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A | Delft no Século XVII: A Cidade holandesa que Inspirou VermeerO livro “Vermeer: A View of Delft”, de Anthony Bailey, oferece uma análise profunda e envolvente sobre a vida, a obra e o contexto histórico do pintor holandês Johannes Vermeer. Publicado originalmente em 2001, o livro combina história da arte, biografia e história social para explorar o mundo em que Vermeer viveu e trabalhou. Principais ideias do livro: 1. O enigma de Vermeer Bailey investiga como Vermeer, uma figura relativamente obscura durante sua vida, se tornou um dos pintores mais admirados da história da arte. O autor reflete sobre o paradoxo de Vermeer ter produzido tão poucas obras conhecidas (cerca de 35) e, ainda assim, ter alcançado tamanha perfeição técnica e impacto cultural. 2. A vida em Delft O livro reconstrói o cotidiano de Delft, uma próspera cidade dos Países Baixos no século XVII. Bailey analisa como a atmosfera cultural, econômica e religiosa da cidade influenciou Vermeer, um católico vivendo em um ambiente predominantemente protestante. 3. O processo criativo de Vermeer Bailey discute as técnicas e os métodos do pintor, incluindo o uso possível da câmara escura, que teria permitido a Vermeer alcançar a precisão óptica e o jogo de luz e sombra característicos de suas pinturas. 4. A relação com o mercado de arte O autor também explora como Vermeer dependia de patronos e comerciantes de arte, como Pieter Claesz van Ruijven, e como a economia da época impactava sua produção artística. 5. Obras como janelas para o mundo Bailey examina pinturas icônicas, como Vista de Delft e A Moça com Brinco de Pérola, mostrando como cada obra é uma janela para a sensibilidade estética e as preocupações intelectuais de Vermeer. 6. O mistério do legado de Vermeer Após sua morte em 1675, Vermeer caiu no esquecimento por quase dois séculos, sendo redescoberto apenas no século XIX. Bailey reflete sobre como o gosto estético do público mudou, permitindo que sua obra fosse redescoberta e celebrada. Estilo do livro O texto combina erudição e acessibilidade. Bailey não apenas analisa os aspectos técnicos das pinturas, mas também mergulha em narrativas emocionais e humanas, o que torna o livro atraente tanto para estudiosos da arte quanto para leitores leigos. Delft no século XVII era uma cidade vibrante e próspera, situada na República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, uma das regiões mais ricas e culturalmente influentes da Europa. Esse período, conhecido como a Idade de Ouro Holandesa, foi marcado por grandes avanços econômicos, científicos e artísticos. Delft, embora menor que Amsterdã ou Roterdã, desempenhou um papel significativo nesse contexto, com sua economia, religião e cultura contribuindo para a formação do ambiente em que Johannes Vermeer viveu e trabalhou. Aspectos de Delft no Século XVII 1. Economia e Comércio • Delft prosperava como um centro de comércio e manufatura. A cidade era famosa por sua produção de cerâmica de alta qualidade, conhecida como Delftware (faiança de Delft), que imitava a porcelana chinesa, muito apreciada na época. • A proximidade de Delft a canais e rotas marítimas facilitava o comércio, conectando a cidade a outras regiões da República Holandesa e ao exterior. • A Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC), uma das maiores corporações do mundo na época, tinha forte influência na região, trazendo riqueza e mercadorias exóticas, como especiarias, tecidos e porcelana. 2. Estrutura Social • A sociedade de Delft era composta por uma elite mercantil rica, uma classe média em crescimento, trabalhadores urbanos e pobres. Os comerciantes bem-sucedidos e os proprietários de oficinas dominavam a economia local. • As guildas, associações de artesãos e comerciantes, desempenhavam um papel crucial na organização da economia e no controle da qualidade da produção, inclusive das cerâmicas. 3. Cultura e Arte • Delft era uma cidade profundamente influenciada pela arte. Embora não tão central quanto Amsterdã, Delft abrigava uma escola de pintura vibrante, representada por artistas como Carel Fabritius e Pieter de Hooch, além de Vermeer. • A arte holandesa da época focava em cenas de gênero, paisagens, naturezas-mortas e retratos, refletindo o gosto da classe média em ascensão por representações detalhadas e realistas da vida cotidiana. • O interesse por ciência e tecnologia também era evidente. Cientistas como Antonie van Leeuwenhoek, que nasceu em Delft, fizeram contribuições significativas ao desenvolvimento da ciência moderna, como a invenção do microscópio. 4. Religião • A religião era um aspecto central da vida em Delft. Após a Reforma Protestante, a maioria da população aderiu ao Calvinismo, que tornou-se a religião oficial. Igrejas como a Nova Igreja (Nieuwe Kerk) e a Velha Igreja (Oude Kerk) dominavam o panorama religioso e cultural. • Vermeer, porém, era católico em uma cidade predominantemente protestante. Sua fé e casamento com Catharina Bolnes, também católica, influenciaram sua vida e, possivelmente, sua arte. 5. Arquitetura e Ambiente Urbano • Delft era conhecida por suas ruas estreitas e bem organizadas, seus canais pitorescos e suas igrejas imponentes. O centro da cidade era o coração da vida cívica, com o mercado central e a prefeitura servindo como locais de encontro e comércio. • A explosão em 1654, quando um depósito de pólvora no centro da cidade explodiu, destruiu grande parte de Delft e matou centenas de pessoas. Esse evento teve impacto duradouro na memória coletiva da cidade e na vida de seus habitantes. 6. A Importância da Pintura de Delft • Artistas como Vermeer retrataram o cotidiano e a serenidade de Delft com precisão e beleza, tornando a cidade imortal por meio de suas pinturas. Obras como Vista de Delft mostram a cidade com uma luminosidade calma e detalhista, representando tanto a realidade quanto a atmosfera idealizada da cidade. Delft, nesse período, era um microcosmo da Idade de Ouro Holandesa, combinando comércio, inovação e cultura em um ambiente que inspirou grandes avanços artísticos e científicos. Foi nesse contexto rico que Vermeer viveu, absorvendo a essência de sua cidade para transformá-la em arte atemporal. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
O Potencial do Brasil para Liderar a Produção Sustentável de Nitrocelulose no MundoO que é Nitrocelulose?A nitrocelulose é um composto derivado da celulose, que é a principal fibra estrutural encontrada em plantas. A nitrocelulose é produzida por meio de um processo de nitrificação da celulose, em que grupos nitro (-NO₂) são adicionados à sua estrutura por meio de uma reação química com ácidos nítrico e sulfúrico concentrados. Esse processo confere propriedades únicas ao material, tornando-o inflamável e extremamente versátil em várias aplicações industriais. 1. Propriedades da Nitrocelulose
2. Produção da NitroceluloseA nitrocelulose é produzida a partir de fibras de celulose natural (como algodão ou polpa de madeira) por meio do processo de nitrificação:
O grau de nitrificação define se a nitrocelulose será usada em aplicações explosivas ou industriais mais controladas. 3. Aplicações da Nitrocelulose3.1. Explosivos e Propulsores
3.2. Revestimentos e Vernizes
3.3. Indústria Gráfica
3.4. Cosméticos
3.5. Plásticos e Celuloide
4. Riscos e Segurança
5. ConclusãoA nitrocelulose é um material versátil com propriedades que a tornam indispensável em diversas indústrias, desde explosivos até revestimentos, tintas e cosméticos. Sua produção controlada e aplicações adaptáveis mostram o quão importante ela é, embora seja necessária atenção aos cuidados com a segurança devido à sua alta inflamabilidade. O Potencial do Brasil para Produzir NitroceluloseO Brasil possui um grande potencial para a produção de nitrocelulose, devido à abundância de recursos naturais, matérias-primas sustentáveis e uma indústria química em expansão. A nitrocelulose, amplamente utilizada em setores como explosivos, tintas, vernizes, cosméticos e filmes fotográficos, depende de celulose de alta qualidade, um insumo que o Brasil produz em larga escala. 1. Abundância de Matéria-Prima: CeluloseO Brasil é um dos maiores produtores mundiais de celulose, especialmente proveniente de florestas plantadas de eucalipto e pinus. Essa celulose de fibra curta é ideal para a produção de nitrocelulose de alta qualidade, por suas características estruturais e baixo custo. Dados relevantes sobre a celulose no Brasil:
2. Capacidade Industrial e InfraestruturaO Brasil possui uma indústria química e florestal avançada, com infraestrutura robusta para a transformação da celulose em produtos de alto valor agregado.
Essa combinação de matéria-prima abundante e capacidade técnica coloca o Brasil em posição de destaque para atender o mercado global de nitrocelulose. 3. Sustentabilidade como DiferencialA produção de nitrocelulose no Brasil pode se beneficiar do conceito de sustentabilidade e do uso de recursos renováveis, um grande diferencial no mercado global:
A capacidade de produzir nitrocelulose de forma sustentável pode abrir mercados para o Brasil em países que exigem padrões ambientais rigorosos. 4. Demanda Crescente por NitroceluloseA nitrocelulose tem alta demanda em indústrias-chave, como:
Com o aumento da demanda global, o Brasil pode atender tanto o mercado interno quanto o externo, tornando-se um importante exportador de nitrocelulose. 5. Desafios para Produção de Nitrocelulose no BrasilApesar do potencial, o Brasil enfrenta alguns desafios para consolidar-se como um grande produtor de nitrocelulose:
6. Oportunidades EconômicasInvestir na produção de nitrocelulose traz benefícios econômicos e sociais:
7. ConclusãoO Brasil reúne todos os elementos necessários para se tornar um líder global na produção de nitrocelulose: abundância de celulose, infraestrutura industrial avançada, compromisso com sustentabilidade e um mercado crescente de produtos químicos de alto valor. Com investimentos em tecnologia, segurança e políticas públicas adequadas, o país pode agregar valor à sua cadeia produtiva, fortalecer o setor químico e aumentar sua competitividade no mercado internacional.
O Uso da Nanocelulose: Propriedades e AplicaçõesA nanocelulose é um material inovador derivado da celulose, a fibra natural mais abundante na Terra. Ela é composta por partículas extremamente pequenas, em escala nanométrica (bilionésimos de metro), e possui propriedades únicas que a tornam ideal para diversas aplicações tecnológicas, industriais e sustentáveis. A nanocelulose pode ser extraída de fontes renováveis como madeira, resíduos agrícolas e algas, posicionando-se como um material versátil, leve e ecologicamente correto. 1. Tipos de NanoceluloseExistem três principais tipos de nanocelulose, cada um com características específicas:
2. Propriedades da NanoceluloseA nanocelulose se destaca por suas propriedades únicas, incluindo:
3. Aplicações da NanoceluloseA combinação de resistência, leveza e sustentabilidade faz com que a nanocelulose tenha aplicações em diversos setores: 3.1. Embalagens Sustentáveis
3.2. Indústria de Papel e Têxtil
3.3. Biomateriais e Medicina
3.4. Compósitos Estruturais
3.5. Indústria Cosmética
3.6. Eletrônicos e Energia
3.7. Tratamento de Água
4. O Potencial do Brasil na Produção de NanoceluloseO Brasil, sendo um dos maiores produtores de celulose e detentor de extensas áreas de florestas plantadas, possui vantagens competitivas na produção de nanocelulose. Com investimentos em tecnologia e pesquisa, o país pode se tornar um grande fornecedor global desse material inovador, atendendo às demandas de mercados como:
5. ConclusãoA nanocelulose é um material revolucionário, com potencial para substituir produtos convencionais em diversas indústrias, especialmente na busca por soluções mais leves, resistentes e sustentáveis. Com sua capacidade de ser produzida a partir de recursos renováveis e sua versatilidade, a nanocelulose se destaca como uma peça-chave para o futuro de materiais avançados e ecologicamente corretos. O Brasil, com sua riqueza em matérias-primas, está bem posicionado para liderar esse mercado emergente. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
O Potencial do Brasil na Produção de Carvão AtivadoO carvão ativado funciona como um filtro altamente eficiente devido à sua estrutura e propriedades químicas únicas. Ele é amplamente utilizado para purificação de ar, água, bebidas e até mesmo em processos industriais e de saúde. A eficiência do carvão ativado como filtro está relacionada principalmente à sua alta porosidade e capacidade de adsorção. 1. Estrutura do Carvão Ativado
2. O Processo de AdsorçãoA principal propriedade do carvão ativado é a adsorção, um fenômeno no qual moléculas, íons ou partículas aderem à superfície do material, sem penetrarem em sua estrutura. O processo funciona assim:
3. Como o Carvão Ativado Filtra Diferentes Substâncias?Filtração de Água
Purificação do Ar
Uso em Aplicações Médicas
4. Regeneração e Limitações
5. ConclusãoO carvão ativado funciona como filtro devido à sua elevada área superficial e capacidade de adsorção, capturando impurezas, gases e contaminantes. Sua estrutura porosa permite que ele retenha moléculas em sua superfície, tornando-o extremamente eficiente para purificação de água, ar e diversos processos industriais e médicos. É um exemplo notável de como materiais com propriedades físicas especiais podem resolver problemas ambientais e de saúde. O Potencial do Brasil para Produzir Carvão AtivadoO Brasil possui um enorme potencial para se tornar um grande produtor de carvão ativado, devido à abundância de recursos naturais, matéria-prima diversificada e um setor agroindustrial robusto. O carvão ativado, amplamente utilizado em processos de filtração, purificação de água e ar, indústria química, farmacêutica e até em remediação ambiental, pode ser produzido a partir de biomassa, o que coloca o país em uma posição privilegiada. 1. Abundância de Matéria-PrimaO Brasil é um dos maiores produtores mundiais de biomassa, matéria-prima fundamental para a produção de carvão ativado. Algumas fontes abundantes no país incluem: 1.1. Resíduos Agrícolas
1.2. Carvão VegetalO Brasil é um dos maiores produtores de carvão vegetal, especialmente na siderurgia, utilizando carvão proveniente de florestas plantadas como o eucalipto. Esse conhecimento pode ser aproveitado para a produção de carvão ativado, agregando maior valor ao produto. 2. Infraestrutura e Capacidade TécnicaO Brasil possui um setor industrial consolidado com experiência na produção de biocombustíveis, processamento de biomassa e carbonização, tecnologias semelhantes às necessárias para produzir carvão ativado. Isso inclui:
3. Demanda Crescente no Mercado Interno e ExternoA produção de carvão ativado atende a uma demanda global crescente, com amplas aplicações em diversos setores:
Com uma indústria agropecuária e florestal robusta, o Brasil pode produzir carvão ativado para consumo interno e exportação, competindo com países líderes como Índia e China. 4. Sustentabilidade e Valor AgregadoO Brasil pode produzir carvão ativado sustentável, aproveitando biomassa renovável e resíduos agroindustriais que normalmente teriam baixo valor econômico ou seriam descartados. Os benefícios incluem:
5. Desafios para Explorar o PotencialApesar do enorme potencial, o Brasil enfrenta desafios que precisam ser superados para liderar a produção de carvão ativado:
6. ConclusãoO Brasil tem um potencial excepcional para se tornar um líder mundial na produção de carvão ativado, graças à abundância de biomassa, experiência em processos de carbonização e uma demanda crescente por soluções sustentáveis. Transformar resíduos agrícolas e florestais em carvão ativado representa uma oportunidade econômica e ambiental significativa, agregando valor à cadeia produtiva e posicionando o país como um fornecedor competitivo no mercado global de produtos de alto valor agregado. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Liberdade e Limites: A Necessidade do Estado de Direito para Evitar a Lei do Mais ForteA questão da liberdade individual e sua interação com as liberdades de outras pessoas é um dos temas centrais da filosofia política e do direito. Esse dilema nasce da tensão entre a autonomia individual e a convivência em sociedade, onde o exercício da liberdade de uma pessoa pode, inevitavelmente, interferir na liberdade de outra. Por isso, a existência de um sistema de mediação — como o Estado de Direito — é fundamental para regular essas interações e evitar que a liberdade seja reduzida à lei do mais forte. A tensão entre liberdades individuais John Stuart Mill, em “Sobre a Liberdade”, argumenta que a liberdade individual só deve ser limitada quando interfere no bem-estar ou nos direitos de outros. Seu famoso princípio do “dano” estabelece que “o único propósito pelo qual o poder pode ser exercido legitimamente sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra a sua vontade, é evitar o dano a outros”. Esse princípio sustenta a necessidade de um sistema legal ou normativo para arbitrar disputas e regular o comportamento. O papel do Estado de Direito A ausência de um sistema mediador, como o Estado de Direito, pode levar a uma situação de “estado de natureza”, como descrito por Thomas Hobbes em “Leviatã”. Para Hobbes, no estado de natureza, a liberdade irrestrita de todos leva ao caos e à “guerra de todos contra todos”, pois cada indivíduo busca maximizar seus próprios interesses sem considerar os limites impostos pelas necessidades dos outros. Nesse contexto, o mais forte ou o mais astuto tende a prevalecer, suprimindo a liberdade dos mais fracos. Hobbes defende que o contrato social e a submissão a um soberano — o Leviatã — são necessários para garantir a ordem e a segurança, protegendo a liberdade dentro de um quadro de regras. O Estado, assim, atua como mediador e garantidor da convivência pacífica entre liberdades que, de outra forma, estariam em constante conflito. Liberdade e justiça social John Rawls, em “Uma Teoria da Justiça”, amplia esse debate ao incorporar a justiça social como elemento central para equilibrar a liberdade. Ele propõe o princípio da diferença, segundo o qual as desigualdades só são aceitáveis se beneficiam os menos favorecidos. Rawls argumenta que um sistema justo deve garantir que todos tenham a mesma igualdade de oportunidades e que as liberdades básicas sejam respeitadas. A mediação estatal, portanto, é essencial para evitar que diferenças de poder econômico ou social resultem na opressão de uns sobre os outros. A necessidade de limites Pensadores contemporâneos, como Amartya Sen, também enfatizam a importância de instituições que protejam as liberdades individuais, mas reconhecem que essas liberdades precisam ser condicionadas por princípios éticos e legais. Sen, em “Desenvolvimento como Liberdade”, argumenta que o verdadeiro progresso é alcançado quando as liberdades de todos são expandidas de forma equitativa, o que requer uma forte governança para mediar conflitos e corrigir desigualdades. Conclusão Sem um sistema de mediação — como o Estado de Direito —, a liberdade se transforma em um conceito vazio, dominado pela força ou pela manipulação. Autores como Mill, Hobbes, Rawls e Sen nos mostram que a liberdade só pode florescer em um ambiente onde existem limites claros, regras justas e mecanismos que garantam que as liberdades de uns não sejam exercidas às custas de outros. Esse equilíbrio é o que impede que a liberdade se torne a lei do mais forte e preserva o princípio fundamental de igualdade em uma sociedade. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A |
Voz e Saída: Os Mecanismos de Reação Social e Econômica segundo Albert HirschmanA ideia de “voice and exit” de Albert Hirschman, apresentada em seu livro clássico “Exit, Voice, and Loyalty” (1970), explora como indivíduos e organizações reagem a declínios percebidos em empresas, instituições ou Estados. Hirschman propõe dois mecanismos principais de resposta: 1. Exit (Saída): Refere-se à opção de abandonar a relação com uma organização ou sistema. Por exemplo, um cliente insatisfeito pode simplesmente parar de comprar de uma empresa e mudar para outra. No contexto político, um cidadão descontente pode emigrar ou retirar seu apoio ao governo. Esse mecanismo depende da existência de alternativas viáveis e é frequentemente associado ao mercado e à competição. 2. Voice (Voz): É a tentativa de melhorar ou reparar uma situação insatisfatória por meio de comunicação, protesto ou articulação de demandas. No caso de uma empresa, um cliente pode registrar uma reclamação ou sugerir mudanças. No contexto político, os cidadãos podem recorrer a manifestações, greves ou votar contra líderes existentes. “Voice” tende a ser mais prevalente em contextos onde a lealdade ou o vínculo emocional são fortes, ou onde “exit” não é uma opção imediata. 3. Loyalty (Lealdade): Hirschman adiciona a lealdade como uma variável moderadora entre “voice” e “exit”. Quando a lealdade é alta, os indivíduos estão mais inclinados a tentar a “voice” antes de recorrer ao “exit”. Em contrapartida, baixa lealdade facilita a saída como resposta inicial a problemas. Aplicações da Teoria A teoria de Hirschman é amplamente aplicável em várias disciplinas, incluindo economia, ciência política e sociologia. Alguns exemplos incluem: • Empresas e consumidores: Um cliente pode abandonar um produto (exit) ou reclamar para tentar melhorar a qualidade (voice). • Organizações políticas: Cidadãos insatisfeitos podem protestar (voice) ou migrar para outro país (exit). • Sindicatos: Trabalhadores podem fazer greves (voice) ou mudar de emprego (exit). Implicações • A importância da lealdade: A lealdade de membros ou consumidores pode dar tempo para que as organizações respondam ao feedback antes que as pessoas optem pela saída. • Desafios para o “voice”: “Voice” pode ser difícil de exercer em sistemas onde há barreiras para o feedback ou repressão política, o que pode aumentar a tendência ao “exit” (como em regimes autoritários). • Impacto na concorrência: Em mercados altamente competitivos, o “exit” tende a predominar, pois os consumidores têm opções claras. Já em mercados com menos alternativas, o “voice” pode ser a única maneira de pressionar por mudanças. A genialidade de Hirschman está em sintetizar como escolhas aparentemente simples revelam dinâmicas profundas nas relações sociais e econômicas. A interação entre “voice” e “exit” continua sendo um modelo poderoso para analisar situações de insatisfação e mudança em diversos contextos. | A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
A A | CRB x Bloomberg Commodity Index: Comparando os Gigantes dos Indicadores de CommoditiesO CRB Index (Commodity Research Bureau Index) e o Bloomberg Commodity Index (BCOM) são dois índices amplamente usados para monitorar o desempenho do mercado de commodities, mas diferem em metodologia, composição e objetivos: 1. Origem e Objetivo • CRB Index: Foi criado em 1957 pelo Commodity Research Bureau, sendo um dos índices mais antigos. Seu objetivo original era medir a evolução dos preços de um conjunto amplo de commodities, representando as tendências inflacionárias relacionadas às matérias-primas. • Bloomberg Commodity Index: Criado em 1998 (originalmente como Dow Jones-AIG Commodity Index), é um índice mais recente e busca oferecer uma representação mais diversificada e equilibrada do mercado global de commodities. 2. Composição e Peso das Commodities • CRB Index: • Inclui 19 commodities. • Os pesos são iguais ou quase iguais entre as commodities, com menor ajuste para refletir sua relevância econômica ou liquidez. • Exemplo de commodities: petróleo, ouro, algodão, açúcar, café, entre outros. • Bloomberg Commodity Index (BCOM): • Inclui cerca de 23 commodities, cobrindo energia, metais (preciosos e industriais) e agricultura. • Os pesos são ajustados com base em critérios como liquidez (volume negociado) e importância econômica global, buscando maior equilíbrio entre setores (ex.: energia, metais e agricultura). • Exemplo: o petróleo, que é altamente líquido, tem maior peso em comparação a outras commodities. 3. Metodologia de Cálculo • CRB Index: • Calcula o índice de forma simples e com rebalanceamentos menos frequentes. • A estrutura mais tradicional do CRB foca em capturar as mudanças absolutas de preços, com um viés histórico em direção à inflação. • Bloomberg Commodity Index: • É mais sofisticado, com rebalanceamentos regulares para manter a representatividade econômica e evitar concentração em apenas algumas commodities. • Tem regras rigorosas para evitar sobreposição de contratos e garantir diversificação. 4. Setores e Abordagem • CRB Index: Geralmente dá maior peso às commodities agrícolas e menos às energéticas, refletindo sua origem histórica como medida da inflação agrícola. • Bloomberg Commodity Index (BCOM): Dá mais peso ao setor de energia (ex.: petróleo e gás natural), devido à maior relevância econômica global e liquidez. 5. Utilização no Mercado • CRB Index: • Usado frequentemente como um indicador geral do movimento de preços das commodities. • Acompanhado por investidores interessados em tendências de inflação. • Bloomberg Commodity Index: • Usado por investidores institucionais para criar estratégias de investimento mais equilibradas e diversificadas em commodities. • Serve como benchmark para fundos que acompanham o mercado de commodities. Resumo • O CRB Index é mais histórico, com uma metodologia simples e enfoque tradicional em inflação e commodities agrícolas. • O BCOM é mais moderno, com uma abordagem mais sofisticada e diversificada, melhor refletindo o mercado global de commodities e servindo como referência para investidores. A escolha entre os dois depende dos objetivos de análise ou investimento.
| A A |
BLOG DO PAULO GALA |
Portal Membro desde 30/08/2017 Segmento: Economia Premiações: Prêmio Portal do Ano 2021 |
Comentários
Postar um comentário